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		Edição 218
		02 de junho de 2010
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O Instituto ABCD, braço   nacional de organização não-governamental inglesa dedicada ao atendimento   e ao incentivo às pesquisas na área de dislexia, elegeu o ambulatório   de Transtornos da Língua Escrita da Graduação em Fonoaudiologia da   Faculdade de Medicina (FM/UFRJ) - localizado no Instituto de Neurologia   Deolindo Couto (INDC/UFRJ) - como um dos cinco centros de referência   nacional para prevenção, diagnóstico e tratamento da dislexia. Durante   três anos, o instituto disponibilizará recursos financeiros e apoio   técnico para a ampliação e qualificação do agora Centro de Referência   de Distúrbios de Aprendizagem e Dislexia da UFRJ.  
Em 2009, o recém fundado   Instituto ABCD lançou edital para selecionar e fomentar cinco centros   de referência do Brasil na área de distúrbios de aprendizagem e dislexia.   A primeira etapa da seleção consistiu na entrega de cartas de interesses   pelas entidades candidatas. Em seguida, os oito projetos aprovados foram   avaliados, sem serem identificados pelo nome, pelo comitê consultivo   composto pelos maiores especialistas em dislexia do mundo: Hugh Catts   (University of Kansas/EUA), Linda Siegel (University of British Columbia/Canadá),   Leonard Katz (University of Connecticut/EUA), Margaret Malpas (British   Dyslexia Association/Reino Unido) e José Morais (Université Libre   de Bruxelles/Bélgica). 
Na última fase, a   seleção foi realizada por um comitê consultivo brasileiro formado   por profissionais de diferentes áreas como jornalistas, empresários,   professores. Eles avaliaram os benefícios dos projetos diante das necessidades   da sociedade. Então, no último mês de abril foram escolhidos os seguintes   centros de referência: o ambulatório de Transtornos da Língua Escrita   da UFRJ - única entidade de fora do estado de São Paulo - a Irmandade   da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, a Unesp de Marília/Botucatu,   o Instituto Cefac (Centro de Especialização em Fonoaudiologia Clínica)   e a Faculdade de Medicina do ABC.   
O projeto 
De acordo com Renata   Mousinho - mestre e doutora em Linguística e coordenadora do Projeto   do Centro de Referência de Distúrbios de Aprendizagem e Dislexia da   UFRJ - o trabalho desenvolvido no Instituto de Neurologia Deolindo Couto   atuará em cinco frentes: prevenção, diagnóstico, atendimento, apoio   aos pais e capacitação de professores. “O projeto está em via de   ser assinado, falta apenas uma questão burocrática entre a UFRJ e   o Instituto ABCD”, diz a coordenadora.   
O trabalho de prevenção   é o único no qual a participação é restrita. Ele é feito junto   com o Colégio de Aplicação da UFRJ (CAp/UFRJ). “Uma turma é atendida   desde que entrou na escola e continuará até finalizar o curso. As   crianças que apresentam risco de dislexia ou distúrbio de aprendizagem   participam de oficinas de linguagem e estimulação pedagógica. Se   de fato apresentam alguma dificuldade recebem o atendimento propriamente   dito. Também é feito contato o tempo inteiro com os professores para   orientá-los como lidar com os alunos”, explica Renata.   
As demais áreas do   projeto são abertas ao público, mas haverá prioridade para alunos   e professores da rede pública. Segundo Mousinho, a dislexia é um problema   específico de leitura. As crianças e adolescentes não conseguem relacionar   o som e as letras de uma forma automática. E por causa disso possuem   dificuldades escolares.  
Portanto, no diagnóstico   está o grande diferencial do centro de referência da UFRJ. “Teremos   um primeiro momento de diagnóstico aonde são feitas avaliações interdisciplinares   com neuropediatra, fonoaudiólogo, psicólogo e psicopedagogo. Depois   dessa avaliação, os que realmente tiverem risco de dislexia e distúrbio   de aprendizado vão passar por seis meses de estimulação pedagógica   e de atuação dentro das oficinas de linguagem. Em seguida, serão   reavaliados e aí sim poderemos determinar quem de fato tem risco de   ser disléxico, com uma hipótese diagnóstica, pois eles terão tido um   tempo de estimulação pedagógica para retirar a variável pedagógico-social”,   analisa a doutora.   
Ainda serão desenvolvidas   ações de intervenção e acompanhamento com crianças com distúrbios   de aprendizagem, em especial, dislexia da Área Programática do SUS   2.1 (que abrange bairros da orla marítima e zona sul do Rio de Janeiro,   contemplando as comunidades da Rocinha e Vidigal), além da orientação   dos seus pais. A capacitação de professores ocorrerá com a realização   de cursos semestrais, em parceria com a Associação Nacional de Dislexia,   participação em seminários, congressos e simpósios, em parceria   com as “Oficinas de Leitura e Escrita” do Instituto de Psicologia   da UFRJ.   
“Com a ajuda do Instituto   ABCD o projeto foi largamente ampliado. Até agora acontecia apenas   um serviço de avaliação que era estritamente fonoaudiológica e não   interdisciplinar. Antes não podíamos por falta de mão-de-obra. A   prevenção já existia e será ampliado dentro do CAp. O apoio aos   pais começou agora e a capacitação dos professores será ampliada.   Antes só tínhamos a cada três anos esses cursos que agora serão   semestrais e anuais. Teremos a possibilidade de atender mais crianças.   O tempo inteiro teremos reuniões e oficinas para conversarmos entre   esses cinco centros de referência nacionais, além de encontros com   centros mundiais que o instituto trará”, revela Renata Mousinho.  
Serviço 
Os interessados em participar do projeto devem ligar para o telefone (21) 3873-5609 e agendar visita para o processo de triagem. Ele é realizado as segundas e quartas-feiras, das 8h às 12h, no Serviço de Fonoaudiologia do Instituto de Neurologia Deolindo Couto (Avenida Venceslau Brás, 95, Campus da Praia Vermelha).