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Edição 208
11 de março de 2010

Microscópio

Encontro Estadual de Políticas Públicas discutirá diretrizes referentes à legislação sobre Saúde Bucal



Vanessa Raposo - AgN/PV

Até os anos 1970, a cárie, que é considerada uma doença, representava uma das principais epidemias a assolar o Brasil. Durante décadas, inúmeras políticas públicas tentaram conter o avanço da patologia que, além de provocar dores agudas e constrangimentos, era também responsável por gastos vultosos em tratamentos e próteses dentárias. Em 1974, seguindo a tendência mundial, foi promulgada a lei federal nº 6.050/74. Tornava-se, assim, obrigatória a fluoretação da água para abastecimento público. Esse é o principal tema do I Encontro Estadual de Políticas Públicas de Saúde Bucal do Rio de Janeiro. O evento ocorre dia 26 de março e reúne entidades públicas, odontologistas e pesquisadores para debater as diretrizes e aplicações da legislação atual.

A Doutora Sonia Groisman, professora da Faculdade de Odontologia da UFRJ, explica que os benefícios da fluoretação são muitos. Graças à adição de flúor nas águas de abastecimento (a mesma que chega às torneiras e aos chuveiros de milhões de brasileiros), nos últimos 36 anos, os surtos de cáries e outros problemas relacionados entraram em sensível declínio.

“O flúor constante (em pequenas dosagens e em alta frequência) é responsável pelo equilíbrio dinâmico do processo de desmineralização e remineralização do esmalte dentário, não permitindo a ocorrência da cavitação. Além disso, o custo-benefício anual é de US$0,25 por pessoa”, afirma a professora.

As diretrizes da lei federal ainda não foram plenamente aplicadas, deixando diversos bairros e comunidades sem o serviço. “Se o flúor fosse efetivamente adicionado às águas de abastecimento, conforme manda a lei, o benefício para população e para os cofres públicos seria muito grande”, defende Sonia.

Entretanto, o componente também carrega seus riscos. A ingestão em grandes quantidades de cremes dentais com flúor é a principal responsável por uma doença conhecida como Fluorose. “Ela forma desde manchas brancas quase imperceptíveis nos dentes até manchas marrom-escuras, nos casos severos”, explica Sonia Groisman. Outro risco, recentemente pesquisado – mas ainda não confirmado –, seria o desenvolvimento de alguns tipos de câncer, quando os excessos de flúor tornam-se muito intensos.

A medida esbarra ainda com grupos ambientalistas que acreditam nos malefícios do elemento químico para a natureza. Para evitar riscos, a OMS sugestiona um teor máximo e único de 1,5 ppm (partes por milhão) de flúor.

O respaldo dos programas sociais

Discutir medidas, planos e estratégias para a área de saúde bucal é o grande foco do Encontro. Além da fluoretação, medidas preventivas como campanhas e programas sociais são fundamentais para o combate de epidemias.

O mais importante, segundo Sonia, é o Programa de Saúde da Família (PSF). O PSF atua em comunidades carentes do Rio de Janeiro, fornecendo informações e atendimento gratuito. Apesar das melhoras observadas ao longo dos anos, ainda faltam especialistas em saúde coletiva. “Falta a mudança na formação do profissional, tanto na graduação, quanto na pós-graduação. A especialização de saúde coletiva é a que tem menos formados no pais.”

O I Encontro Estadual de Políticas Públicas de Saúde Bucal do Rio de Janeiro acontece no Auditório Barra Life, que fica na Avenida Armando Lombardi, 1000, Barra da Tijuca. O evento começa às 9h da manhã e conta com a presença de representantes do Conselho Regional de Odontologia do Rio de Janeiro (CRO-RJ), da UFRJ e tem patrocínio de empresas ligadas à saúde bucal. 

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