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Edição 236
07 de outubro de 2010
No terceiro domingo deste mês tem início o horário de verão nas regiões Sul, Sudeste e Centro Oeste do país. Com o ajuste do relógio, vem a mudança no sono e nos hábitos. E muitos brasileiros se perguntam “qual é a eficácia dessa estratégia para o país e para o meio ambiente?”. O coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel) do Instituto de Economia da UFRJ, Nivalde José de Castro, esclarece essas e outras dúvidas em entrevista ao Olhar Vital.
O profissional revela que a economia feita neste período é enorme e equivalente a um ano de consumo elétrico em todo país. “Historicamente, verifica-se economia de 4% a 5% no consumo de energia elétrica. Esta economia representa, em termos anualizados, o que o Brasil necessita por ano. Assim, a economia que se faz com uma simples mudança no ponteiro dos relógios significa, em termos relativos, a economia de um ano de consumo de energia elétrica”, diz o coordenador.
Outro fator positivo do horário de verão, segundo Nivalde Castro, é a preservação ambiental decorrente diretamente da economia de energia, pois essa economia evita a construção de novas unidades geradoras de energia como usinas hidro e termoelétricas, que causam grande impacto ao meio ambiente.
As regiões Norte e Nordeste não participam do horário de verão, porque lá as variações de claridade não são expressivas, segundo o coordenador do Gesel. Em relação ao pré-sal, Nilvalde Castro adianta que mesmo que signifique um ganho enorme em energia para o país, não deve ter grande influência sobre o horário de verão: “O efeito do pré-sal sobre o horário de verão tende a ser muito pequeno, pois a base da geração elétrica no Brasil é oriunda da usinas hidroelétricas, movidas a água. O que o horário de verão busca é economizar a geração das usinas pelo uso da luz natural”, explica.
O especialista diz que o horário de verão é importante na prevenção de apagões como os de 2001 e 2002, mas não pode ser visto como única medida de prevenção nessa causa. Em sua opinião, existem muitas outras medidas a serem tomadas pelo governo. “Os riscos de apagão ficam ainda mais improváveis com o horário de verão, pois economizamos eletricidade, isto é, água dos reservatórios. Mas a mitigação do risco deve-se ao planejamento do setor elétrico e da consistência do modelo de estruturação do setor elétrico, que tem permitido a construção de novas centrais hidroelétricas, biomassa, eólica e térmica a gás natural”, afirma o profissional, que considera o horário de verão uma medida importante e crucial para o país.