www.olharvital.ufrj.br
Edição 217
27 de maio de 2010
A Comissão de Biossegurança do Centro de Ciências da Saúde (CCS/UFRJ) organiza, para o dia 9 de junho, a II Jornada de Controle do Tabagismo e Promoção da Saúde. O objetivo do evento é alertar para os riscos do cigarro não só para os fumantes, mas também para os indivíduos que inalam a fumaça do tabaco presente no ar. Com essa conscientização, a Comissão espera erradicar o hábito de fumar dentro do prédio do CCS, melhorando a qualidade de vida dos docentes, alunos e funcionários não-fumantes.
A professora Sônia Costa, presidente da Comissão de Biossegurança desde 2007, lembra que existe uma lei federal, de julho de 1996, que proíbe fumar em ambientes fechados, mas “essa proibição não era levada a sério”, diz. Além da lei federal, há normas em vários estados do país, inclusive no Rio de Janeiro. “Por que será que houve uma lei federal, várias leis estaduais? Por que houve essa preocupação em proibir?”, indaga a professora, “Porque os fumantes arriscam sua própria saúde, mas também provocam danos àqueles que fumam passivamente ao lado”, responde.
Um estudo realizado por pesquisadores do Instituto Nacional do Câncer (Inca) e do Instituto de Estudos de Saúde Coletiva (Iesc/UFRJ) revela que, a cada dia, pelo menos sete brasileiros morrem por doenças provocadas pela exposição passiva à fumaça do cigarro. “A maioria das mortes ocorre entre mulheres e na faixa etária de 65 anos ou mais. Ou seja, é uma exposição lenta, que vai fazer efeito mais na frente”, revela Sônia.
Porém, o estudo levou em conta apenas três doenças, as principais relativas ao tabagismo passivo: o câncer de pulmão, as doenças isquêmicas, como o infarto, e os acidentes vasculares cerebrais, deixando de fora doenças mais relacionadas à infância, como patologias respiratórias crônicas. “É apenas a ponta do iceberg”, afirma Sônia.
A pesquisa, denominada “Mortalidade atribuível ao tabagismo passivo na população brasileira” traz números alarmantes, revelados pela professora: “Para cada mil mortes por doenças cérebro-vasculares, 29 são atribuídas à exposição passiva à fumaça do tabaco. Essa proporção é de 25 para mil no caso de doenças isquêmicas do coração e de sete casos em mil mortes por câncer de pulmão”, diz.
Parar de fumar: como e por quê?
Com as campanhas de conscientização sobre os malefícios do tabaco, inclusive nas próprias embalagens dos produtos, cada vez mais os próprios fumantes sabem o risco que correm ao permanecer com esse hábito. Mesmo assim, deixar o cigarro não é fácil. “Muitas vezes o fumante pensa que não vai conseguir sobreviver sem o cigarro e fica tão estressado que não consegue parar. Ele antecipa o sofrimento que vai ter por causa da dependência química e psicológica do cigarro”, explica Sônia Costa. Porém, o sofrimento pode ser minimizado com acompanhamento médico. “Se o indivíduo procura uma ajuda médica, ele sabe que está amparado”, diz a professora.
Além da preocupação com a saúde, o tabagista pode encontrar outras motivações para deixar de fumar, inclusive profissionais. “As empresas, às vezes, têm preferência por profissionais que não fumam porque a pessoa que vai fumar lá fora leva menos tempo dentro do escritório. O tabagista, de alguma forma, tem redução de produtividade”, afirma Sônia. “Em princípio, o não-fumante é mais saudável e vai causar menos problemas à empresa”, diz.
Outro fator pode ser social: “Cada vez mais a regra é não aceitar a fumaça do cigarro em ambientes fechados e nem em ambientes abertos com maior proximidade física. O próprio fumante percebe que está tirando o bem-estar de outra pessoa”, afirma Sônia.
A UFRJ tem, no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, o Núcleo de Estudos e Tratamento do Tabagismo (NETT), destinado à prevenção e ao tratamento do tabagismo, que fez, no ano passado, uma parceria com a Comissão de Biossegurança. “Tivemos a possibilidade de, com essa parceria, trazer uma ‘antena’ do NETT pra dentro do CCS para tratar fumantes que queriam parar de fumar”, revela Sônia.
II Jornada de Controle do Tabagismo e Promoção da Saúde
O evento, promovido pela Comissão de Biossegurança do CCS, acontece no dia 9 de junho de 2010, a partir das 9h, no Auditório da Biblioteca Central do CCS. As inscrições são gratuitas no local. O endereço é Avenida Carlos Chagas Filho, 373, Cidade Universitária.