www.olharvital.ufrj.br
Edição 273
20 de outubro de 2011
Ao longo do mês, o Olhar Vital vem trazendo em sua editoria “Por uma boa causa”, matérias com diferentes abordagens sobre saúde bucal. A relação entre diabetes e saúde bucal e a questão da hipersensibilidade dentária já foram discutidas aqui, a partir de entrevistas com profissionais da área. Esta semana, falaremos sobre como escovar os dentes e de usar o fio dental corretamente. Para isso, entrevistamos o mestre em Saúde Coletiva pelo Instituto de Estudos em Saúde Coletiva (Iesc-UFRJ), Ivisson Carneiro Medeiros Silva.
“Desde 1980, observamos uma diminuição do número de pessoas com cárie, sendo a hipótese mais plausível o acesso à água e ao creme dental com flúor. A escovação e a utilização de fio dental são ferramentas muito importantes no auxílio ao combate à cárie”, ressalta.
Existem diversas técnicas de escovação e a mais utilizada é a de Bass, ou escovação a 45º, que consiste na utilização de uma escova de dentes fazendo um ângulo de 45º graus na área entre as bordas da gengiva e o dente, realizando pequenos e suaves movimentos vibratórios dente a dente ou, no máximo, em grupos de dois, sem tirar a escova do lugar. “Na parte superior faça movimento de varredura de cima para baixo e nos dentes inferiores, faça esse mesmo movimento de baixo para cima. O importante é não esquecer que devemos escovar não apenas a região vestibular (frente) do dente, mas também a região oclusal, que utilizamos para triturar os alimentos e a região lingual nos dentes inferiores e palatina nos superiores”, explica o professor.
De acordo com a técnica de Bass, a região palatina/lingual dos dentes anteriores, deve ser escovada com a escova posicionada verticalmente na parte interna dos elementos dentários com movimentos vibratórios de vaivém.
Sobre as escovas de dente, Ivisson diz que devem ter cerdas macias e arredondadas, para não causar lesões nos tecidos gengivais, com cabeça pequena e tufos concentrados para atingir todas as regiões da boca, e o creme dental deve ter flúor. As crianças que ainda não têm o controle sobre a escovação devem ser incentivadas pelos pais para que realizem a higiene sozinhas, mas é necessário que monitorem a escovação para que não engulam parte do creme dental, que pode causar problemas pela ingestão de flúor, como fluorose, e para que corrijam a forma como seu filho escova os dentes.
O especialista recomenda a troca de escovas a cada três meses. “Escovas com cerdas mais duras servem para escovar próteses dentárias, que também acumulam restos de alimentos e causam mau hálito. Existem também escovas interdentais, para pacientes com doença periodontal, unitufos e bitufos para auxiliar na higiene de aparelhos ortodônticos”, orienta o professor.
O uso do fio dental também deve ser correto. Como muitas pessoas não sabem utilizá-lo, Ivisson alerta: “Quanto à utilização de fio/fita dental não há consenso sobre quando deve ser usado, se antes ou após a escovação. Se todo o processo de escovação for bem feito, usar o fio dental antes ou depois não fará diferença, o importante é usá-lo. Devemos retirar uma quantidade razoável de fio do rolo, aproximadamente 40 cm, e enrolá-lo no dedo médio de uma mão. A ponta que restou é enrolada no dedo médio da outra mão, deixando os dedos indicadores livres e uma distância de fio livre entre as mãos. Ao passar esse pedaço de fio preso na mão entre os dentes, não podemos mais utilizá-lo, já que está com restos de comida e placa bacteriana daquela região, e se utilizarmos este mesmo pedaço em outro dente, levaremos aquela colônia de bactérias para outro sítio. Então, enrolamos este pedaço no dedo com menos fio e desenrolamos outro pedaço limpo do outro dedo e fazemos o processo em todos as regiões”, ensina.