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Edição 270
29 de setembro de 2011
O desenvolvimento de uma “economia verde”, expressão adotada pela ONU, tem sido visto como uma das metas principais no cenário atual. De acordo com a Unep (Programa das Nações Unidas para o meio ambiente), uma economia verde resulta em aumento do bem-estar humano e da equidade social, enquanto reduz significativamente os riscos ambientais e a escassez ecológica.
Para Carolina Dubeux, pesquisadora do Centro de Estudos Integrados Sobre Meio Ambiente e Mudança Climática (Centro Clima), do Instituto Alberto Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe/UFRJ), a economia verde é aquela que é sustentável no longo prazo, porque insere as questões ambiental e social nos modelos de desenvolvimento.
Na economia brasileira, ainda é difícil verificar os setores que estão mais avançados nessa questão. A especialista explica que “não há uma métrica que permita uma comparação entre os setores no que se refere a seu grau de ‘esverdeamento’. Podemos comparar alguns aspectos apenas. Além disso, em cada setor, há níveis diferenciados de sustentabilidade”.
Entretanto, pode-se dizer que grandes setores exportadores do Brasil realizam práticas mais sustentáveis. O que acontece por conta das exigências do mercado internacional em relação à transparência na gestão de seus produtos, resultando em melhores práticas de controle dos riscos ambientais.
No que se refere ao setor agrícola, há várias práticas mais sustentáveis que as tradicionais. O plantio direto, por exemplo, reduz o uso de insumos químicos, a erosão do solo e a emissão de gases de efeito estufa. Outra que também se destaca pela diminuição de tais emissões é a fixação biológica de Nitrogênio.
“Definitivamente, o que será mais ambientalmente correto é aumentar a produtividade das áreas já disponíveis para a agricultura de modo que não precisemos mais reduzir as áreas de nossas florestas para a expansão deste setor”, acrescenta Carolina.
Assim como as práticas ambientalmente corretas estão em constante evolução, também estão as ferramentas de transparência e relatórios de sustentabilidade. “Sem tais ferramentas não há como se verificar se as práticas estão corretas e em que medidas precisam ser aprimoradas”, comenta a especialista.
Uma preocupação quanto a esse assunto é que ainda falta muito conhecimento com relação à base natural do processo econômico. Para Carolina, é preciso desenvolver a pesquisa, adequar os bancos de dados, formar pessoal, identificar oportunidades, “enfim, realizar esforços que nos permitam orientar os agentes econômicos na direção da economia verde, bem como mantermos uma trajetória de ganhos ao longo do tempo.”