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Edição 249
18 de fevereiro de 2011

Ciência e Vida

Gordurinhas milagrosas

Michelly Rosa

 

Uma pesquisa do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) revelou a possibilidade de aproveitar a gordura do corpo como prótese mamária.

O fato ocorre pela grande quantidade de células-tronco existentes no tecido adiposo. No caso de transposição dessas gorduras para as mamas, as células-tronco existentes na gordura seriam isoladas, o que resultaria numa prótese mais duradoura e sem nenhum risco de reação do corpo.

De acordo com Leandra Baptista, pesquisadora do Instituto de Ciências Biomédicas do Pólo Xerém da UFRJ, o mais importante da pesquisa é a oportunidade de uma terapia autológica:

“Trata-se de uma terapia autóloga, ou seja, células e gordura do próprio paciente são re-injetadas, evita-se qualquer risco imunológico. Hoje já se sabe que o silicone não se comporta como um material 100% inerte em relação a nosso corpo, e o desgaste da prótese em longo prazo é resultante da reação imunológica gerada para o combate  de um objeto estranho ao nosso corpo”, explica.

A associação com células-tronco garante a estabilidade do processo, e evita riscos de reabsorção da gordura pelo corpo. Segundo a pesquisadora, através desse mecanismo a paciente tem o efeito de aumento das mamas sem os malefícios do silicone: “alguns artigos científicos internacionais mostraram que a utilização da associação entre essas células-tronco e a gordura é promissora no sentido em que o enxerto passa a ter maior durabilidade, eliminando, ou, pelo menos, adiando o problema da reabsorção. O paciente passa a ter, então, o efeito de aumento de volume da área enxertada (por exemplo, glúteos ou seios) por mais tempo, sem a necessidade da prótese de silicone”.

Amamentação

A amamentação sempre foi uma questão preocupante para mulheres na hora de colocar próteses de silicone. Apesar de, hoje, algumas próteses permitirem a amamentação, ainda há insegurança por parte das mulheres.

No caso das próteses com gordura natural do corpo, não há alguma contra indicação para amamentação posterior.

“Acredito que, em se tratando da re-injeção de gordura e células-tronco, elementos naturais ao nosso corpo (e que por isso possuem grande probabilidade de integração aos outros tecidos da mama),  a probabilidade de se afetar os ductos de amamentação seja bem menor do que com o uso de próteses artificiais”, avalia Leandra.

A terapia

O processo de realocação de gorduras do abdome para as mamas compreende em três etapas. A primeira consiste na retirada de gordura pela técnica de lipoaspiração, geralmente da região do abdômen.  Na segunda etapa, parte da gordura é retirada e destinada ao isolamento das células-tronco mesenquimais (por metodologias de laboratório já descritas), enquanto o restante é preparada para a enxertia.  Já a terceira, compreende na suspensão de células-tronco mesenquimais e mistura com a gordura, para enfim realizar o procedimento.

Para a pesquisadora é extremamente importante que a paciente procure o médico adequado e faça o procedimento de maneira segura.

“É necessário se certificar a respeito não só do médico cirurgião-plástico, mas também sobre qual laboratório irá se responsabilizar pelo isolamento das células. Esse laboratório deve ter liberação da Anvisa para a realização do procedimento”. 

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