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Edição 208
11 de março de 2010
Para dar continuidade à série desse mês no Por Uma Boa Causa, que aborda as diferentes possibilidades de prática de exercícios físicos nas escolas, a modalidade desta semana é a ginástica. Para falar sobre essa atividade, que é tão pouco comum nas aulas de Educação Física, convidamos a professora Heloísa Alonso, da Escola de Educação Física e Desportos (EEFD) da UFRJ.
A professora conta que a Educação Física escolar se originou de um processo de evolução do conhecimento da ginástica. Atualmente, porém, mesmo as modalidades mais conhecidas – como a de academia, a artística e a rítmica – são facilmente encontradas nas escolas. “O que podemos perceber nas instituições de ensino é o que um aluno meu chama de quarteto mágico: handebol, futebol, vôlei e basquete. A gente tem uma cultura de praticar apenas esportes coletivos, o que é muito restrito”, diz Heloísa.
A professora explica que a atividade deveria vir sendo praticada com as crianças desde a 1ª serie, sem um cunho competitivo. A ginástica deve ser utilizada para ampliar o acervo motor da criança, trabalhar a estrutura motora, a lateralidade e a acuidade visual e tátil. “Deveríamos ampliar as possibilidades motoras como sendo imprescindível na formação do indivíduo. Assim, a criança pode crescer e decidir como poderá utilizar suas habilidades motoras. Seja nas atividades de lazer, na manutenção da saúde, ou até mesmo como um profissional do esporte”, acrescenta.
Ou seja: a ginástica nos ensina a conhecer nosso corpo. Além disso, há o trabalho espiritual e emocional, que veio com a Ginástica Feminina Moderna. Esta entende que o homem não é feito de partes separadas, que devem ser trabalhados para a força, aos moldes do militarismo. Dentro de uma perspectiva holística, a ginástica moderna trabalha o homem que não é só corpo, mas também alma.
Dentro do ensino da Educação Física, a ginástica dessenvolve conceitos básicos que, posteriormente, são utilizados para outras atividades. “Ensinar uma criança a pular corda, por exemplo, é fantástico. Ensina a coordenar ritmo externo com ritmo corporal, pra ela conseguir saltar por dentro da corda. Ensina métrica e estrutura rítmica, para ela entender o que é o tempo de uma bola, para fazer o corte do voleibol, por exemplo”, explica a professora.
A ginástica como base do ensino da Educação Física pode, então, ensinar a praticar atividade física. “Hoje todo mundo consome o produto da ginástica de academia. Será que o indivíduo tem senso crítico sobre o tipo de aula que estão oferecendo a ele? Sabe se está fazendo o exercício mais indicado para seu problema de postura, ou se está fazendo esforço em excesso?” Educação Física não é só pratica, é um conteúdo de conhecimento. E ela pode – e deve – ser trabalhada interdisciplinar e transversalmente com outros conteúdos, como nas discussões de saúde e ética.