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Edição 245
09 de dezembro de 2010
Aos poucos, como se fosse um castelo erguido com peças de dominó, a estrutura em forma de “T” vai se desmanchando diante dos olhos da plateia no auditório Hélio Fraga, na manhã da últimaquarta-feira (08/12). Era a apresentação no Conselho do Centro de Ciências da Saúde (CCS) do vídeo que simula de forma fiel, segundo os engenheiros especializados, como ocorrerá durante a implosão da Ala Sul do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), no dia 19 de dezembro. Os diretores das unidades que assistiam em silêncio viram primeiro ruir a face do prédio voltada para a Linha Vermelha. Na sequência, a estrutura voltada para a Prefeitura Universitária se desfaz e por fim desaba sobre os escombros tudo o que resta do edifício que foi separado da Ala Norte por um vão de 20 metros. Ao que parece, tudo não levará mais do que 10 segundos.
Antes de apresentar o vídeo simulado da implosão, o engenheiro Fábio Bruno explicou como era todo o processo que leva a estrutura ruir em curto espaço de tempo e dentro de uma área delimitada com total segurança. “Levantamos todos os itens necessários como pilar, lajes, vigas e colunas tudo que apresenta resistência e o material de que é composto cada um dos pontos. O software que faz a simulação foi criado por um rapaz que realizou doutorado no Japão preparando prédios para suportar terremotos, aproveitando a tecnologia para saber colocar um prédio abaixo”, revelou ele apresentando slides com a inspeção em cada um dos andares, que elevou quase dois meses.
Após a exibição começaram os questionamentos. Os primeiros sobre o lançamento de fragmentos deram a oportunidade ao engenheiro de esclarecer que telas de proteção serão utilizadas para conter o material a ser espalhado. “Essa tela foi apresentada em novembro em Amsterdã sobre a tecnologia adotada no Brasil num evento da área. Em outros países eles envolvem cada pilar com uma tela metálica e uma manta, algo mais trabalhoso e não tão seguro quanto o processo daqui. Apenas duas telas seriam necessárias para reter todo o detrito da implosão, mas aqui estamos utilizando cinco. Nossa margem de segurança está absurdamente acima”, contou ele, esclarecendo que nos três primeiros andares ocorrerão a maioria das detonações que lançam fragmentos, pois o restante da estrutura sofrerá esmagamento.
Um integrante da comissão de tratamento de resíduos do HUCFF questionou para onde iriam os escombros após a implosão. Por não estar envolvido diretamente no processo da retirada do entulho, o engenheiro se limitou a informar que sabia apenas do interesse de aproveitar todo o material na construção do novo prédio. A partir de então começaram a surgir perguntas sobre a restrição ao acesso na semana entre os dias 13 e 17 de dezembro. Quando chegariam os crachás? Por onde entrar? Onde estacionar os veículos? Haveria vagas para todos? Haveria cortes de energia, água ou gás?
Uma a uma, cada questão a decana do CCS Maria Fernanda dos Santos Quintela procurou responder, e se comprometeu a enviar a todas as unidades um documento até sexta-feira (10/12) com as resoluções tomadas pelo conselho de Centro, mas que dependiam de ações de outros, como a Prefeitura da Cidade Universitária. O certo é que a instalação da tela de proteção no bloco A e parte do bloco B do CCS para retenção de poeira será realizada hoje e amanhã (9 e 10/12).
“A partir do dia 13, o bloco A estará ‘envelopado’ e os condicionadores de ar não poderão ser ligados, apesar do calor. As pessoas devem se organizar para trabalhar nessas condições”, afirmou a decana.
Após ouvir sugestões e críticas, ficou acertado que os ingressos ao CCS, de pessoas estritamente necessárias e previamente cadastradas, sofrerão restrições gradativamente. A partir do dia 13 ninguém entra pelo bloco A; depois do dia 15, quando começam a ser instalados os explosivos para a implosão, passagem apenas pela entrada dos blocos L e K, sendo que no dia 17 o ingresso até o meio dia se dará exclusivamente pelo bloco K.
Em relação à segurança, todo o efetivo estará em atividade no período para proteção do patrimônio. Maria Fernanda Quintela disse que pediria também ao Prefeito Hélio de Mattos que entrasse em contato com a Polícia Militar a fim de providenciar patrulhamento ostensivo no período e a possibilidade de criar pontos alternativos de estacionamento.