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Edição 216
20 de maio de 2010
Foto: Divulgação |
Professora Sônia Soares Costa, presidente da Comissão de Biossegurança do Centro de Ciências da Saúde, afirma: "ninguém descarta intencionalmente para causar um mal a alguém, mas descarta por desconhecimento das normas" |
Em agosto de 2008, um funcionário da limpeza do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da UFRJ se feriu ao manipular o lixo comum. Uma agulha contendo sangue penetrou sua coxa e o funcionário teve que ser atendido com urgência devido à incerteza do material presente no resíduo perfurocortante. Desde então, a Comissão de Biossegurança do CCS se mobiliza para esclarecer à comunidade acadêmica como descartar tais resíduos e atua de modo a disponibilizar recipientes para isso, conforme as normas de biossegurança da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
De acordo com a professora Sônia Soares Costa, presidente da Comissão de Biossegurança do Centro de Ciências da Saúde, a melhor maneira encontrada pela comissão para orientar os pesquisadores e demais componentes dos laboratórios do centro foi a confecção de um folheto explicativo disponível em versão digitalizada. Em dezembro de 2008 foram impressos cerca de 3 mil folhetos, que passaram a ser distribuídos pelas unidades do CCS e ainda em eventos como as aulas inaugurais dos calouros e durante a disciplina “Bioética, biossegurança e boas práticas com animais em experimentação”, do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB-UFRJ).
No folheto consta resolução da Anvisa com a seguinte definição: “materiais perfurocortantes podem ser definidos como objetos e instrumentos contendo cantos, bordas, pontas ou protuberâncias rígidas e agudas capazes de cortar ou perfurar. Nessa categoria encontram-se as agulhas, lâminas de bisturi, lâminas e lamínulas, lâminas de barbear, lancetas, escalpes, espátulas, ampolas de vidro, brocas, limas endodônticas, micropipetas, pontas diamantadas, tubos capilares; e todos os utensílios de vidro quebrados no laboratório (pipetas, tubos de coleta sanguínea etc.) e outros similares.”
Porém, a professora alerta que qualquer objeto para descarte que possa ferir quem o manipule deve seguir as normas de biossegurança. De maneira clara e direta, o folheto ainda aborda como deve ser feita a separação dos materiais perfurocortantes, o tratamento preliminar dos mesmos quando contaminados por agentes biológicos, até o seu descarte final.
“Partimos do princípio que ninguém descarta intencionalmente para causar um mal a alguém, mas descarta por desconhecimento das normas. Achamos que se fizéssemos um folheto explicando como manipular, definir o que são os materiais perfurocortantes, onde eles estão, como trabalhar com esses objetos, minimizaríamos os riscos biológicos e de acidentes, principalmente, para quem recolhe o lixo”, explica a presidente da comissão.
Além da distribuição do impresso, a Comissão de Biossegurança do CCS ofereceu aos laboratórios do Centro caixas para recolhimento de material perfurocortante. Sobre tal atitude, Sonia Costa justifica: “para minimizar os riscos, devemos disponibilizar as condições para que as pessoas não encontrem justificativa para não agir da maneira correta.” No entanto, desde 2009, a comissão não conseguiu renovar a distribuição das caixas.
Mudança de comportamento e perspectivas
Desde o lançamento do folheto, apenas um descarte irregular foi registrado. “Recentemente, encontramos num dos corredores do CCS uma seringa contendo líquido com sangue e agulha ao lado da lixeira para descarte de lixo comum. Mas posso afirmar que esse tipo de comportamento está isolado, antes isso era mais comum”, avalia a professora.
O folheto sobre o descarte de resíduos perfurocortantes é o primeiro de uma série. “Temos outros em vista que vão focalizar os riscos químicos, biológicos e como manipular e descartar algum material que foi radioativo. Quando se manipula algo que não se sabe o que é o risco aumenta”, analisa Sônia. E complementa: "temos que ter a comissão de biossegurança como um aliado do nosso cotidiano e não como um agente de policiamento. A biossegurança visa evitar danos à nossa saúde e preservar o meio ambiente. Quando se respeita às normas de biossegurança, contribuímos para que os nossos trabalhos de pesquisa tenham maior qualidade.”