www.olharvital.ufrj.br
Edição 228
12 de agosto de 2010
São cada vez mais frequentes as campanhas de conscientização a respeito da doação de órgãos no Brasil e é perceptível a adesão da sociedade à ideia. No entanto, outro tipo de doação se mostra igualmente necessária: a doação de corpos.
A professora Jane Faria, coordenadora do Programa de Graduação em Anatomia da UFRJ afirma que os corpos recebidos pelo Departamento não são suficientes, mesmo com o recebimento de corpos de indigentes, que não são reclamados nos hospitais. “O anatômico do Centro de Ciências da Saúde (CCS/UFRJ) recebe alunos de diversos cursos, como Medicina, Enfermagem, Odontologia, Educação Física, Nutrição, Psicologia, Fisioterapia e outros. São, em média, 1600 estudantes por semestre e o ideal é que um corpo seja utilizado por apenas dez alunos de cada vez”, afirma.
A duração de um cadáver é de cerca de dez anos, o que significa que cada corpo doado é muito aproveitado e contribui para uma série de pesquisas e estudos da Universidade. Segundo Jane Faria, a procura por informações a respeito deste tipo de doação vem crescendo e mostra conscientização por parte da sociedade para a importância da pesquisa e do ensino.
Procedimentos da doação
O ideal, segundo a professora, é que a doação seja feita em vida, para evitar conflitos posteriores. “Esse tipo de doação requer um desprendimento muito grande e, muitas vezes, a família não está de acordo com a decisão do falecido e decide pelo velório tradicional. A última decisão é sempre da família”, afirma.
Para fazer a doação em vida, é necessário entrar em contato com a universidade para a qual se deseja doar o corpo. A Instituição explicará os procedimentos e o modo como o corpo será utilizado nos laboratórios. O termo de doação fica arquivado na universidade, que só toma conhecimento do óbito se for avisada por familiares ou amigos do doador.
“O corpo não pode ser velado e é importante que a instituição seja avisada rapidamente para que o processo de putrefação seja retardado. Após a doação, a família não tem mais informações sobre o corpo e, passado o tempo útil do cadáver, a própria universidade se encarrega do enterro”, esclarece a professora.
Condições do corpo para doação
É possível doar os órgãos saudáveis para um hospital e, em seguida, doar o corpo para uma instituição de ensino, explica Jane Faria. “Geralmente, os corpos vêm inteiros, nunca houve um caso em que o doador decidisse também por doar os órgãos. De qualquer modo, mesmo incompleto, o corpo é útil, pois há diversos sistemas que podem ser estudados. No caso de o corpo vir sem os rins, por exemplo, ainda podemos estudar o pulmão, os tecidos, todo o resto”, afirma.
O corpo é aceito em qualquer idade e sexo, desde que não tenha sido vítima de doenças infecto-contagiosas e que o óbito tenha ocorrido por causas naturais, o que exclui acidentes e assassinatos. “Nestes casos, mesmo que os corpos estejam em boas condições, não podem ser aceitos, pois pertencem à Justiça”, conclui a professora.
Para outras informações sobre doação de corpos, entrar em contato com o Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ ou com a professora Jane Faria através dos telefones 2562-6466, 2562-6391, 2562-6392 ou 2562-6714.