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Edição 236
07 de outubro de 2010
É recorrente uma pessoa gripada olhar para os lados, encher o peito e se preparar para eliminar aquela secreção mórbida das membranas mucosas com cor amarelada ou esverdeada. Mas, alguns, preferem engolir a substância mesmo sujeito a uma das sensações mais desagradáveis de quando se está resfriado. Afinal, ingerir o muco produzido pelo aparelho respirarório faz mal à saúde?
O otorrinolaringologista Geraldo Augusto Gomes, do Hospital Universitário Clementino Fraga, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), adverte que engolir a secreção não é a coisa mais segura a ser feita. "O muco pode ir parar nos pulmões e se aliar a outros fatores que contribuem para uma pneumonia", alerta.
Ainda que no meio social eliminar o catarro não seja um indicativo de boas maneiras, Gomes aconselha às pessoas expelir a substância sempre que as circunstâncias forem favoráveis. "O muco em excesso não é um fator de alto risco à saúde, mas devemos evitar engoli-lo", destaca.
O muco, popularmente chamado de catarro, é uma substância composta por proteínas, água e restos celulares produzidos pelo revestimento respiratório que protege o corpo do ataque de microorganismos. Apesar do aspecto repugnante, ele sempre se renova e circula pelo organismo mesmo quando a pessoa não está doente.
O revestimento interno da traquéia e brônquios é dotado de células ciliadas que, em situações de saúde, controlam a passagem da secreção em direção ao aparelho digestivo, lubrificando e protegendo a mucosa respiratória. No entanto, quando ocorre uma inflamação na região, as glândulas ali existentes se desequilibram, prejudicando a função dos cílios. Estes, por sua vez, não conseguem controlar o muco que passa a ser produzido em excesso para combater os invasores.
Além disso, um grande depósito da substância pode se formar nos pulmões, causando falta de ar. "Como mecanismo de defesa, o corpo expulsa o acúmulo por meio da tosse", ressalta.
O especialista explica que a inflamação nem sempre será provocada por microorganismos, como vírus e bactérias, mas também por reações alérgicas, poluição e até mesmo variações climáticas extremas. "Algumas pessoas podem ter uma sensibilidade maior a estes fatores, principalmente, à umidade", diz o médico.
O catarro chega ao nariz? Não. De acordo com Geraldo Augusto Gomes, o catarro indica uma fase mais avançada de inflamação das vias respiratórias do que o escorrimento nasal, conhecido como coriza. Esse avanço, conforme Gomes, pode evoluir de uma simples inflamação para um estado mais sério. "O surgimento de uma secreção espessa e com tonalidade mais amarelada ou esverdeada sugere que o problema avançou para uma infecção", completa.
A partir disso, os leucócitos entram em ação, saindo da circulação sanguínea para defender o organismo dos agentes invasores. "O catarro é a prova de que os leucócitos estão liderando uma batalha do organismo contra a forma de vida desconhecida", finaliza.
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