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Edição 236
07 de outubro de 2010
Além dos vários benefícios à saúde, a amamentação é um momento especial e único na vida de mães e filhos. Por isso o Olhar Vital traz este mês uma série de quatro matérias sobre o tema. Vamos começar com o esclarecimento de um medo muito comum em “mães de primeira viagem”: a dor e as rachaduras no peito que podem ocorrer no início do aleitamento. Para falar do assunto, convidamos o pediatra e professor do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFRJ, Marcus Renato de Carvalho, especialista em amamentação e que acaba de lançar um livro sobre o assunto em parceria com outros médicos.
O especialista esclarece que a amamentação não deve ser sinônimo de dor, sangramento ou sacrifício. Na maioria dos casos em que estes problemas ocorrem, a solução é mudar a posição do bebê enquanto é amamentado. “Se está difícil ou doloroso, deve haver algum problema na técnica: má pega (ou seja, o bebê não está sendo posicionado no colo materno de forma que possa abocanhar grande parte da aréola; os bebês devem ficar barriga com barriga) ou o peito está muito ingurgitado e precisa ser um pouco ‘esvaziado’”.
Segundo o pediatra, se o problema persistir pode ser sinal de monilíase ou candidíase mamilar e oral (no recém-nascido). Para esses casos, existem organizações como os Hospitais Amigos da Criança, os Bancos de Leite Humanos ou Grupos de apoio como “As Amigas do Peito”.
Ao contrário do que muitas mães acham, não existe um preparo físico da mama, mas, sim, um preparo mental, como revela Marcus Renato: “É necessário um ‘preparo’ para a amamentação. Leituras, cursos para casais grávidos, visitas a sites confiáveis na internet, encontro com grupos de mães podem ajudar. Não se prepara as mamas como recomendávamos antigamente; o que precisa ser ‘preparada’ é a cabeça das gestantes e seus familiares”.
A campanha nacional do Aleitamento Materno defende o leite materno como alimento exclusivo durante os primeiros seis meses de vida do bebê. Marcus Renato concorda e reforça a questão: “O ideal seriam seis meses de forma exclusiva (sem água, chás, sucos ou outros complementos) e amamentação continuada até dois anos ou mais. Sendo que, a partir dos seis meses, o lactente começa a comer a ‘comida da família’”, finaliza o médico e lembra o dito popular: “É como se diz: do peito à comida caseira, saúde a vida inteira”.