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Edição 226
29 de julho de 2010

Saúde e Prevenção

Lentes de contato: mais do que simples estética

Michelly Rosa

O uso de lentes de contato sejam elas normais, coloridas, fluorescentes ou até que aumentam os olhos, pode ser a solução para quem deseja melhorar a aparência ou se livrar dos óculos. Porém, para evitar complicações, o usuário deve atentar para limpeza e manutenção necessárias. 

Há dois tipos de lente de contato: as gelatinosas, que podem ser descartáveis ou não, e as rígidas, que exigem maior tempo de adaptação. De acordo com Ricardo Lamy, médico do Serviço de Oftalmologia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, todos os tipos são seguros, porém há diferenças: “as lentes gelatinosas são mais confortáveis e de adaptação mais fácil, já as lentes rígidas exigem maior tempo para adaptação, mas são muito seguras e geralmente proporcionam melhor qualidade de visão, principalmente nos pacientes que apresentam irregularidades na córnea”. 

Além disso, em algumas situações o tipo de lente pode ser uma necessidade para qualidade de visão. Como o caso de pacientes com Ceratocone, em que o paciente deve usar apenas lentes de contato rígidas, pois os óculos e lentes de contato gelatinosas não são capazes de fornecer boa acuidade visual. 

Não há restrição geral para o uso de lentes de contato. Todavia, deve-se atentar para algumas doenças que impedem o uso do artifício. “Existem doenças da superfície ocular que contra-indicam o uso de lentes. Por isso é muito importante que a lente seja indicada e adaptada pelo oftalmologista”, explica Ricardo. 

Utilidade em tratamentos e terapias

Ao contrário do que se pensa, o uso de lentes de contato vai além da estética: terapias e tratamentos podem ter a lente de contato como principal aliado. 

Em alguns casos, o uso de lentes de contato terapêuticas pode melhorar a recuperação de lesões oculares. “Quando por algum motivo ocorre lesão do epitélio corneano, as terminações nervosas da córnea ficam expostas e o paciente sente muita dor. O uso de lentes de contato gelatinosas terapêuticas, proporcionando mais conforto ao paciente, pois essa ‘ferida’ na córnea fica coberta pela lente”, revela o médico. 

Quando se usa curativos, o olho danificado passa por oclusão, ou seja, as pálpebras ficam fechadas e o paciente fica sem enxergar no período de tratamento, o que pode causar transtornos ao paciente, principalmente quando os dois olhos são afetados. O uso de lentes terapêuticas, além de proteger, mantém o paciente em sua rotina normal e pode até acelerar o processo de cicatrização em relação ao processo comum com uso de curativos. “Nós realizamos um estudo com pacientes que apresentavam lesões corneanas nos dois olhos por exposição à radiação ultravioleta (solda elétrica), ocluímos um dos olhos com curativo e colocamos uma lente gelatinosa terapêutica no outro e observamos que a cicatrização da lesão foi mais rápida no olho que recebeu a lente”, revela o médico. 

Limpeza e manutenção 

As complicações mais comuns no uso de lentes de contato são, na maioria das vezes, causadas por falha do usuário em seguir as orientações para manutenção e período de troca. Sobre isso, Ricardo Lamy dá algumas dicas de cuidados necessários para evitar problemas: “a limpeza e o enxágue das lentes deve ser feito diariamente, ao retirá-las dos olhos. Antes de tocar nas lentes, recomenda-se lavar as mãos com sabonete neutro. Para a limpeza das lentes pode-se utilizar soluções limpadoras, limpadores enzimáticos ou soluções multiuso.” 

O médico recomenda também que se use estojo descartável. Caso não seja, é necessário que a limpeza do estojo seja feita pelo menos uma vez por semana, com água quente sem sabão e com auxílio de uma escova de dentes. Além disso, o estojo deve ser trocado a cada seis meses. 

Se, obedecendo às recomendações de higiene, o paciente sentir algum desconforto, o processo de higienização deve ser repetido. Persistindo o problema, suspender imediatamente o uso e procurar o médico oftalmologista responsável. “O relaxamento no manuseio e cuidado das lentes pode favorecer o surgimento de microorganismos capazes de provocar úlceras na córnea, às vezes de difícil tratamento”, alerta o oftalmologista.

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