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Edição 230
26 de agosto de 2010
Um novo tipo de Dengue, de sorotipo DEN-4, foi identificado em Roraima, região norte do Brasil. A Secretaria de Vigilância em Saúde, ligada ao Ministério da Saúde, confirmou três casos de pacientes infectados e tem outros nove pacientes sob suspeita.
Esse tipo de Dengue não era detectado no Brasil desde 1982, mas é presente há muitos anos em alguns países da América do Sul. Segundo Alberto Chebabo, professor e chefe do Serviço de Doenças Infecciosas e Parasitárias do Hospital Universitário da UFRJ, “o vírus tipo 4 da Dengue circula de forma endêmica em países do norte da América do Sul, como Venezuela e Guiana. Os deslocamentos populacionais facilitam a entrada do vírus para o norte do país, trazido por pessoas infectadas.”
Ocorre que, ao picar um indivíduo contaminado com o vírus, o mosquito é infectado, transmitindo o vírus para as próximas pessoas que picar. “Com a alta infestação de mosquito em algumas regiões, a disseminação se facilita”, explica o professor.
A gravidade do surgimento desse novo vírus está no fato de a população não ter imunidade contra o sorotipo DEN-4 e no risco de pessoas que já estiveram contaminadas com o vírus 1, 2 ou 3 contraírem uma Dengue mais forte.
“Não existem diferenças significativas entre o quadro clínico causado pelos quatro vírus da Dengue, o que ocorre é que esse vírus 4 ainda não circulava em território nacional de forma mantida. A população não tem, portanto, anticorpos protetores contra o DEN-4, o que pode gerar epidemia de grandes proporções, caso o vírus realmente se dissemine pelo país”, afirma Chebabo.
Sintomas
Os sintomas causados pelos quatro tipos de vírus são basicamente os mesmos: dor de cabeça, febre e dor no corpo, podendo haver manchas na pele, náuseas e vômitos.
“Como boa parte da população do país já contraiu Dengue de um dos outros três tipos, a entrada do vírus 4 aumenta o risco de manifestações graves, como Dengue Hemorrágico, que ocorre geralmente no segundo ou terceiro episódio da doença”, alerta o professor.
Tratamento
No caso de suspeita de Dengue de qualquer tipo, é necessário tomar as medidas necessárias para que a doença não evolua para um quadro grave. “O paciente deve beber bastante líquidos para evitar a desidratação e utilizar antitérmicos à base de paracetamol ou dipirona para alívio dos sintomas como febre ou dor. Em caso de tonteiras, sangramentos ou febre mantida por mais de 4 dias, o paciente deverá procurar atendimento médico”, explica o infectologista.
A hidratação é fundamental no tratamento contra a Dengue. Todo tipo de líquido, com exceção de bebidas alcoólicas, é válido. Recomenda-se, especialmente, o consumo de soro caseiro, preparado com a dissolução de uma colher de sopa de açúcar e uma pitada de sal em um litro de água mineral.
“Hidratação é fundamental. Ela pode ser realizada por via oral, caso o paciente não apresente vômitos. Quando não puder ser realizada por via oral, devido a vômitos, ou em casos mais graves, o paciente deverá ser internado para a realização da hidratação por via venosa”, afirma o professor.
Prevenção
A melhor forma de prevenção é evitar picadas de mosquitos. “O mosquito tem hábitos diurnos, picando preferencialmente ao amanhecer e ao entardecer, quando o uso de repelentes e de roupas que protejam a pele deve se estimulado”, explica Chebabo.
Outro fator importante de prevenção é evitar deixar água parada em lugares que favoreçam a procriação do mosquito transmissor da Dengue, o Aedes aegypti, como latas, embalagens, pneus velhos, vasinhos de plantas e caixas d’água, por exemplo.
“Como o mosquito se multiplica em água limpa, a presença de focos na região urbana aumenta sua proliferação. Manter o controle dos focos de reprodução é fundamental para o controle da doença. Estas ações devem ser realizadas de forma conjunta pelo poder público e pela população”, conclui o professor.