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Edição 221
24 de junho de 2010
Os pesquisadores Tatiana Lobo e Robson Queiroz, do Instituto de Bioquímica Médica (IBqM/UFRJ), testaram o efeito da Ixolaris em tumores cerebrais. Eles perceberam uma diminuição no surgimento de novos vasos sanguíneos, vitais para a alimentação das células tumorais. O estudo, realizado em 2009, rendeu aos pesquisadores o quinto lugar dos melhores trabalhos do ano publicado pela revista científica Journal of Thrombosis and Haemostasis.
Segundo professor Queiroz, a criação de novos vasos sanguíneos é essencial para o desenvolvimento da doença. Os testes foram realizados em dois tipos de tumores, um localizado no cérebro (glioblastoma) e um na pele (melanoma). Os resultados dos dois testes demonstraram uma diminuição do tamanho dos tumores. “Nós pudemos mostrar também que o Ixolaris reduz drasticamente a formação de metástases pulmonares, algo muito comum nos portadores de melanoma em estágio avançado e que, em geral, torna a doença praticamente incurável.”
De acordo com Robson Queiroz, a busca de novos medicamentos que possam auxiliar no combate ao câncer ainda é uma das prioridades na pesquisa médica. “Embora existam muitos medicamentos antitumorais, alguns atuando sobre a formação de novos vasos do tumor, muitos não produzem real aumento na sobrevida do paciente.”
Robson explica que a pesquisa dos efeitos da substância sobre os tumores foi feita em parceria com o professor Ivo Francischetti, do National Institutes of Health, nos Estados Unidos. O grupo de pesquisa de Francischetti foi o primeiro a caracterizar a substância “Eles observaram que a molécula tinha fortes características anticoagulantes”, disse Queiroz. “O Ixolaris utilizado na pesquisa é produzido em laboratório, com a técnica de DNA recombinante, sem a necessidade de carrapatos.”
Atualmente, os pesquisadores estão analisando como o Ixolaris evita o crescimento de novos vasos sanguíneos. “O mecanismo exato pelo qual isso acontece está sendo investigado”, afirmou Queiroz. “No entanto sabemos que o Ixolaris inibe uma proteína denominada Fator Tecidual, que inicia as reações da coagulação sanguínea. Vários estudos mostram que o Fator Tecidual pode estar presente em tumores agressivos, incluindo no glioblastoma humano.”
Para fazer esse experimento, Tatiana Lobo foi aos laboratórios do Scripps Research Institute, na Califórnia. Ela pretende analisar os mecanismos de ação do Ixolaris para saber quais as moléculas alvo da proteína. “Assim, se quisermos aplicar em pacientes, saberemos se esses têm ou não os alvos para o ixolaris e, assim, se responderão ou não à molécula”, explicou.
Robson afirma que, depois de compreender como funciona a proteína, ele e sua parceira irão testá-la em outros tumores. “Em parceria com o Dr. Wolfram Ruf do Scripps Research Institute, nos Estados Unidos, testaremos o Ixolaris em modelos de tumor mamário espontâneo”, afirmou. Também tentaremos entender as bases moleculares do seu mecanismo de ação antitumoral. Isto é importante para sabermos que tipo de tumor poderia ser tratado com esta molécula.”