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Edição 246
06 de janeiro de 2011
A boa convivência no ambiente de trabalho é fundamental para manter o desempenho do profissional e sua interação com colegas de equipe. Isso auxilia no resultado final, pois a troca de informações e experiências melhora a qualidade do trabalho.
Mas quando alguém se opõe às opiniões do chefe ou recusa assédio sexual, por exemplo, pode ser alvo de hostilidades e humilhações por parte de colegas de trabalho. Isso denomina-se Assédio Moral, ato que está se tornando corriqueiro nas repartições publicas, como constatou a Organização Internacional do Trabalho (OIT), cujas estatísticas em países desenvolvidos revelam distúrbios mentais relacionados às condições de trabalho.
Na maioria dos casos, o assédio ocorre na tentativa de coagir a vítima a pedir transferência ou demissão, deixar de reivindicar certos direitos e competir por cargos, entre outros motivos.
De acordo com Marisa Palácios, vice-diretora e professora do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva (Iesc-UFRJ), a maior característica do assédio moral é a repetição, ou seja, a violência não é praticada apenas uma vez, mas seguidamente.
Tolerância facilita agressão
Os atos discriminatórios variam de humilhações ou piadinhas de mau gosto a restrições da liberdade dentro da empresa ou repartição pública. Na maioria das vezes, o agressor tenta atingir diretamente a identidade do trabalhador, causando danos à sua saúde psicológica, atingindo sua autoestima, fazendo até com que ela venha a concordar com o agressor. Por exemplo, se o chefe se dirige ao servidor de forma hostil por ter cometido um “erro” no trabalho, ele irá concordar com a atitude do agressor.
Porém, para Marisa Palácios, isso não deve ser tolerado. “Se o chefe grita com o funcionário, ele tolera, não reage, isso é uma falta de respeito com o trabalhador e não deve ser admitido. Além disso, ao tolerar um grito, a vítima dá abertura para um caso de assédio moral.”
A tolerância dificulta a denúncia de um caso de assédio moral, pois a vítima acredita ser muito pouco para reclamar, além do medo de ser julgada pelos colegas de trabalho e de perder o emprego. Outro obstáculo é a dificuldade em recolher provas de um ato de assédio moral.
Segundo Marisa, um dos grandes responsáveis pelos casos de assédio moral é o sistema organizacional da empresa ou repartição pública, que seleciona pessoas consideradas rígidas para o cargo de chefia, pois acredita que as críticas constantes fazem o trabalho render melhor. “O sistema do ‘chicote’ até funciona por um tempo, mas pode resultar em casos de assédio moral”, alerta a professora.
Educação para prevenir violência
Para Marisa Palácios, deve-se investir na educação dos funcionários, através da disseminação do tema e elaboração de artifícios para gerar reflexão dos trabalhadores sobre as questões de violência, em geral, no ambiente de trabalho. É necessária para a apresentação, para a contenção do problema.
“Se o funcionário está passando por esse problema, é necessário dar visibilidade ao caso. A vítima deve registrar a agressão na ouvidoria ou na divisão de saúde do trabalhador de seu emprego, para que todos saibam a existência do problema. O respeito ao trabalhador é primordial”, conclui a vice-diretora.
Publicado em 13 de maio - edição 215