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Edição 234
23 de setembro de 2010
A XIV BioSemana da UFRJ termina amanhã (24/09) e já deixa os alunos ansiosos pelo próximo evento. O encontro deste ano, iniciado na segunda-feira (20/09), foi especialmente emocionante por contar com a contribuição dos pais de Luísa Pinho Sartori, estudante de Biologia da UFRJ falecida em 2009. Luísa fazia parte do Centro Acadêmico de Biologia (CABio) e era conhecida por seu engajamento nas causas do meio ambiente e de proteção dos animais.
O diretor do Instituto de Biologia, Antonio Solé-Cava, destacou o fato de a BioSemana ser o maior evento de extensão do Centro de Ciências da Saúde (CCS/UFRJ) e um dos maiores da UFRJ realizado inteiramente por alunos. O professor afirmou que os alunos são o maior orgulho do Instituto de Biologia e os parabenizou por conseguirem agregar e realizar eventos como este. Solé-Cava parabenizou também a Decania do CCS/UFRJ e a família Sartori, por ter escolhido investir na Biologia como forma de homenagear Luísa.
Emocionado, Fábio Jobim Sartori, pai de Luísa, disse que a filha passou seus melhores momentos na UFRJ e que sua preocupação com a natureza era tão tocante que, com o seu falecimento, não havia nada que pudessem fazer senão dar continuidade ao projeto dela. Segundo Sartori, o objetivo da família é preservar o planeta por meio do conhecimento de Ecologia e Biologia. “Quando conhecemos o lugar onde moramos, fica mais fácil cuidarmos dele”, afirmou.
A Decana do CCS/UFRJ, Maria Fernanda Costa Nunes, e de quem Luíza Sartori foi estagiária, também ressaltou a forma como a família tem lidado com a perda da filha e destacou a importância da colaboração e da integração e pais e ex-alunos com a UFRJ. A Decana apontou para o fato que a BioSemana, além de ser o maior evento do CCS/UFRJ realizado por alunos, é do curso de Biologia, um dos mais importantes do CCS/UFRJ. Antes de declarar a BioSemana aberta, a Decana pediu que os alunos aproveitassem o campus “que é difamado, mas agora está lindo”, e o momento de confraternização para estabelecer novas relações e fazer contatos para o futuro.
Segundo a aluna Daniela Abras, membro do Centro Acadêmico de Biologia (CABio) e da comissão organizadora da BioSemana, a BioSemana é pensada como uma oportunidade de integrar os alunos e complementar a formação curricular oferecida pela UFRJ, através de palestras e mini-cursos, por exemplo.
No dia 20 de setembro, o Centro de Ciências da Saúde da UFRJ (CCS) estava em festa. Na comemoração por mais um ano de existência, o Centro recebeu autoridades acadêmicas, professores, alunos para a solenidade, que ocorreu no auditório Hélio Fraga.
A médica Jandira Feghali ministrou a palestra “Da Reforma Sanitária ao SUS” e mostrou a situação da saúde desde o modelo autoritário de governo ao dilema da privatização da saúde.
De acordo com Jandira, a interrupção de conferências nacionais de saúde pelo modelo autoritário da ditadura militar estagnou a evolução da área da saúde e fragmentou o serviço. “A saúde durante a ditadura era excludente e restringia o acesso, as pessoas só entravam com carteirinha. Quem não tivesse era considerado indigente”, completou a médica.
A convidada falou ainda sobre os benefícios da Reforma Sanitária brasileira e as mudanças ocorridas após a medida: “Com a Reforma, os princípios da saúde, científicos, políticos e sanitários puderam ser orientados na defesa para implantação de um sistema de saúde.”Porém, segundo a médica, só foi possível avançar na área após a redemocratização. “O Estado democrático permitiu uma organização da sociedade em busca da efetivação da saúde como direito de cidadania.”
Outro ponto abordado durante a palestra foi a participação da Constituição de 1988 nas mudanças de conceito em relação à saúde: “O conceito após a Constituição é: ‘Saúde é um direito de todos e dever do estado’. Este conceito enfrenta desafios na combinação entre progresso econômico e inclusão social e na criação de uma alternativa ao modelo liberal na saúde.”
Desafios do Século XXI
Para a palestrante, apesar da “asfixia financeira e as tentavas de mudar a legislação durante o governo Collor”, o panorama da situação do sistema de saúde brasileiro é positivo: “Apesar de tudo o SUS avança. Dados do ano de 2008 mostram 1,1 bilhão de atendimentos de atenção básica e 12 mil transplantes de órgãos, por exemplo. Nós devemos olhar também para o serviço privado e parar de pensar que o serviço público sempre é o ruim. A saúde privada também enfrenta grandes dificuldades.”
Os grandes desafios do século na área de saúde, segundo a médica, são a integração dos diversos níveis de federação e a legitimação do SUS como um sistema “de fato”: “A gestão pública tem que mudar no sentido de integrar suas políticas, integrar suas ações.”
Além disso, problemas nas gestões, no aceso aos hospitais e necessidade de melhorias na formação dos profissionais foram outros obstáculos ressaltados pela palestrante no âmbito da saúde: “é um desrespeito a situação da saúde no Rio de Janeiro, há uma indigência institucional. Nós precisamos de profissionais formados para a necessidade da população e não para o mercado. Nesse sentido entra o papel da universidade na mudança desse paradigma e na articulação dos centros de formação com os centros de serviço”, conclui Jandira.
Solenidade
Após a palestra com Jandira Feghali, as comemorações continuaram com a inauguração do retrato de Almir Fraga Valladares, ex-decano do CCS, na sala dos decanos, localizada no interior do auditório, seguida do coquetel comemorativo aos 41 anos do Centro de Ciências da Saúde.