www.olharvital.ufrj.br
Edição 264
16 de junho de 2011
Os estudos com células troncos não são os únicos que visam achar soluções para lesões do tipo medular. Pesquisa desenvolvida pelo Laboratório de Biologia da Matriz Extracelular, da UFRJ, possui resultados promissores para recuperação de lesões na medula, através da injeção de lamina - uma proteína natural do corpo humano.
A função natural da laminina é a de ancoragem de vários tipos celulares, como as células epiteliais e musculares. Desde 2000, ela é objeto de pesquisa do laboratório chefiado pela professora Tatiana Lobo Coelho Sampaio e, há mais de cinco anos, ela desenvolve um estudo com ratos lesionados em laboratório, nos quais a proteína é injetada na medula, para tentar regenerar os axônios.
“A maior dificuldade superada foi a de estabilizar a laminina para armazenamento”, conta a professora. A proteína quando retirada da placenta humana, perde a sua estrutura natural e, através do método de polimerização, desenvolvido no laboratório, os pesquisadores conseguem fazê-la voltar a sua estrutura natural e, com uma agulha, fazem a injeção intramedular da substância no animal.
O estudo foi realizado em ratos e os resultados mostraram-se promissores. Segundo a pesquisadora, a análise laboratorial mostrou que se a proteína for injetada imediatamente ou até 10 dias após o animal ter sofrido a lesão, há uma melhora maior na locomoção nos que receberam o tratamento. “A laminina, nos ratos, protege a medula da destruição e promove a regeneração dos axônios”, afirma a professora.
De acordo com Tatiana Sampaio, há duas diferenças desse tratamento para o das células tronco. Segundo ela, o estudo com as células embrionárias não tem obtido resultados satisfatórios e, ao contrário da injeção da laminina, o tratamento funcionalmente agiria como um remédio, uma droga que procuraria reconstruir os tecidos, como se fosse uma bomba de secreção de células. “O tratamento com a injeção medular da laminina, não. Ele ajuda o tecido a se reconstruir com suas próprias células”.
A pesquisa
Esse estudo foi desenvolvido pelos doutorandos Karla Menezes e Marcos Assis, pelo aluno de mestrado, Raphael Ciqueira campos, em colaboração com o professor João Menezes, do laboratório de Neoroanatomia celular, do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ, e coordenado pela professora Tatiana Sampaio.
A pesquisa encontra-se, atualmente, em fase de aprovação de protocolo no Comitê de Ética Municipal, para que a fase de pesquisa clínica (com humanos) possa começar. Se aprovado, o tratamento deve focar em pacientes do tipo agudos, que acabaram de sofrer lesões.