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Edição 208
11 de março de 2010
Foto: Bárbara Bergamaschi Novaes |
Palestra da professora convidada, Drª Madel Theresinha Luz, durante a conferência “Por uma Ética do Cuidado” atrai alunos. |
A palestra “Por uma ética do cuidado em saúde” ministrada pela professora Madel Terezinha Luz abriu a aula inaugural da III Turma do Curso de Especialização em Atenção Integral à Saúde Materno-Infantil da Maternidade Escola (ME) da UFRJ. O evento, ocorrido no Auditório Nobre, reuniu médicos e psicólogos em torno de questões como moral, valores e relações de cuidado no ambiente de saúde e no cotidiano.
Durante toda a conferência, Madel Luz foi enfática em sua defesa da necessidade de compreender os diversos aspectos da vida, em suas diferentes fases. “A vida está toda interligada. Forma um sistema.” E prossegue: “se nós tratarmos arrogantemente o ambiente, acabaremos por nos destruir ”.
A professora da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj ) compreende a questão da ética como algo que, apesar de atrelada a identidades culturais, transcenderia a problemática pontual. Neste sentido, a ética faria parte da lógica da vida. “Há uma dimensão do ser que é ética. Não é que sem ética não exista cuidado: sem ética não há vida de qualidade”, diz Madel.
Hipócrates VS. Dr. House
Madel identifica na contemporaneidade uma forte crise ética e moral que afeta gravemente o campo do conhecimento da sociedade. A medicina, como parte d os aspectos da vida, também se veria afetada por tal crise. Para a professora, hoje, é preciso envolver mais o aluno da escola de M edicina com práticas de humanização. A razão de isso não ocorrer é que a faculdade de M edicina tradicional tenderia a afastar os futuros doutores do meio social para incubá-los num regime de tecnicismo e conhecimentos científicos.
Para exemplificar a questão da ética do cuidado, Madel Luz lembra do Dr. House, protagonista da série de televisão homônima. O personagem fictício, um médico obcecado por investigar causas e diagnósticos complicados, seria o modelo da medicina ligada ao desejo compulsivo de proteger a vida a qualquer custo. Dr. House é o homem puramente científico, desligado de intimidade afetiva com seus pacientes. Sua ética do cuidado em nada tem a ver com anseios sociais: trata-se apenas de identificar males para extirpá-los em seguida.
“A medicina de hoje está muito mais ligada ao modelo do House que o desenvolvido por Hipócrates ”, diz a professora. Hipócrates, o maior médico da Antiguidade grega, é considerado o Pai da Medicina e fundador da observação clínica. Para suas análises, considerava o corpo como um todo, não apenas a doença em questão.
Apesar das críticas, Madel Luz não crê que a culpa seja do indivíduo médico, mas do conjunto de práticas didáticas e sociais que tendem a endurecer ou desgastar os profissionais que lidam diretamente com o “outro esmorecido ”.
Combater a tendência à supervalorização da “produtividade” em detrimento do desenvolvimento humano é uma necessidade. “Para isso, é imperativo o diálogo interdisciplinar dentro da grade das faculdades de medicina”, defende.
Foto: Agência UFRJ de Notícias |
O professor Alvimar esclarece dúvidas sobre doença renal crônica. |
O serviço de Nefrologia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF/RJ) realizou nesta quinta-feira, dia 11 de março, palestras em comemoração ao Dia Mundial do Rim. Ministradas com o objetivo de informar sobre a incidência da doença renal crônica, os palestrantes apresentaram etapas da doença, desde o diagnóstico até o tratamento.
Foram abordados temas como a detecção da lesão renal, pelo professor Alvimar Gonçalves Delgado, que esclareceu algumas dúvidas sobre as definições da doença. Segundo ele, a lesão é uma anormalidade estrutural ou funcional dos rins por um período superior a três meses. Alvimar alertou ainda sobre a principal causa da enfermidade: “Na maioria dos casos, a doença renal crônica é ligada à presença da Nefropatia Diabética, ou seja, uma complicação diabética”, afirma o professor.
Em seguida, os professores Maurício Leite Junior e Marcelo Morales puseram em pauta os grandes empecilhos ao tratamento da patologia. Segundo os profissionais, cerca de um milhão de pessoas morrem por ano devido à dificuldade de se realizar um tratamento de diálise, solução para retardar a progressão da doença. Sobre isso, o professor Maurício Leite afirma: “O custo da diálise torna-se muito alto para os países subdesenvolvidos.” Por fim, os especialistas alertaram sobre a grande preocupação com as fases terminais da doença, já que elas têm grandes chances de provocar ataques cardiovasculares.