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Edição 222
1º de julho de 2010
Na fase pré-escolar, o desenvolvimento da coordenação viso motora é a primeira necessidade para um bom rendimento no aprendizado. Os simples exercícios que exigem acompanhamento dos traçados estabelecidos pelo professor estimulam não só os movimentos motores como também os visuais, criando a sintonia essencial para a alfabetização.
Quando a criança não demonstra sintonia durante o traçado, o professor ou familiar deve atentar para um possível transtorno: O Distúrbio na Coordenação Viso Motora. Sob esse tema o Olhar Vital encerra a série sobre Dificuldades na Escrita.
O problema em questão apresenta-se no traçado de letras e no acompanhamento das linhas do caderno. Além disso, a criança portadora do distúrbio não consegue executar brincadeiras que exijam esse desenvolvimento, como soltar pipas ou realizar atividades com tesoura.
Não há explicações neurológicas ou visuais que justifiquem o transtorno. Contudo, no caso da visão, a dificuldade de convergência visual, ou seja, de focar num mesmo ponto, pode contribuir para o desenvolvimento do distúrbio.
De acordo com Renata Mousinho, coordenadora do Projeto do Centro de Referência de Distúrbios de Aprendizagem e Dislexia da UFRJ, a fluência no padrão motor da escrita pode ser atingida quando a criança não desenvolve capacidades viso motoras: “No aprendizado, a pessoa portadora do distúrbio fica tão concentrada no aspecto viso-motor, ou seja, no traçado das linhas e letras, que o conteúdo da escrita fica prejudicado”. Completa a fonoaudióloga.
Diante dessa dificuldade, a criança pode apresentar problemas psicológicos e de comportamento, por não acompanhar os colegas de classe durante cópias, por exemplo.
Para evitar que o problema se estenda dessa maneira, a identificação precoce por parte dos familiares e educadores e o tratamento com profissional adequado são as melhores alternativas contra o distúrbio: “É necessária uma certificação de que o problema não se trata de uma deficiência neurológica ou oftalmológica. Após esse procedimento, profissionais com formação em Psicomotricidade poderão avaliar a pessoa a fim de determinar a conduta necessária para o tratamento”. Explica a coordenadora.
A prevenção do distúrbio é uma alternativa. Segundo Renata, prevenir o transtorno, atentando para o desenvolvimento da criança e estimulando as capacidades psicomotoras, é um trabalho que os profissionais de educação e os familiares podem e devem fazer.