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Edição 243
25 de novembro de 2010
Para encerrar à série de matérias sobre os perigos que rondam a infância, o Olhar Vital desta semana aborda uma questão que precisa de cada vez mais atenção: os pequenos acidentes, que geram graves consequências. Acredita-se que a principal causa de morte de crianças entre 1 e 14 anos no Brasil sejam acidentes, como atropelamento, afogamento, queimaduras, entre outros.
Com a chegada das férias e do verão, a situação se agrava ainda mais. Nessa época, as crianças passam menos tempo dentro de casa e tendem a praticar mais atividades e esportes. Antonio Vitor de Abreu, chefe do serviço de Traumato-Ortopedia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF/UFRJ), afirma que não se deve proibir as crianças de brincar, mas, sim, supervisioná-las, de modo a evitar acidentes.
“É desejável que as crianças brinquem à vontade, entretanto, todas as brincadeiras envolvem riscos. Evidentemente, algumas brincadeiras são mais perigosas, mas, simplesmente, evitar ou proibir determinada brincadeira não evitará o acidente. A presença do adulto em qualquer atividade da qual a criança participe é fundamental”, afirma o médico.
É muito comum crianças participarem de atividades físicas como futebol, natação, judô e ballet, por exemplo. No entanto, é preciso cuidado para não cobrar demais de sua capacidade física e expô-la a uma eventual lesão.
“O único cuidado exigido em relação às atividades físicas em crianças abaixo de 10 anos é que não sejam vítimas de excessos, nem sejam submetidas a exercícios que exijam muita competitividade. Essas crianças ainda não têm o sistema músculo-esquelético totalmente desenvolvido e estão, portanto, mais expostas a lesões de todos os tipos, causadas por estresse ou fadiga. Os pais devem colaborar com os professores, não exigindo excessos dos filhos”, alerta Antonio Vitor de Abreu.
De acordo com o médico, algumas medidas simples podem ser tomadas para evitar acidentes em escolas e locais onde as crianças realizem algum tipo de atividade física. “Estas áreas não podem ter escadas, desníveis, degraus, colunas anguladas e o piso deve ter um mínimo de aderência. Em caso de acidentes, a criança deve ser encaminhada ao médico ou à Emergência de algum hospital”, informa.
O ortopedista alerta, ainda, para os acidentes frequentes decorrentes do ato de soltar pipa, que consistem, em sua maioria, em atropelamentos causados pela desatenção e por quedas de lugares altos, como lajes, por exemplo. “Bom senso e atenção dos responsáveis são fundamentais para minimizar os riscos inerentes às brincadeiras das crianças”, conclui Antonio Vitor.