A terceira reportagem do Por Uma Boa Causa deste mês, que aborda as diferentes atividades praticadas na Educação Física Escolar, traz a prática mais comum nas escolas: o ensino de jogos. Entre eles estão basquete, vôlei, futebol (que engloba as modalidades de campo e de salão) e handebol. Para conversar sobre o assunto, convidamos o professor Ricardo Ramos, da Escola de Educação Física e Desportos (EEFD) da UFRJ.
“Aqui na UFRJ temos ainda fundamentos do tênis, que nas escolas é difícil de aparecer. Atualmente, as escolas vêm querendo adotar o badminton, que é mais fácil de aprender e mais barato também”, diz o professor. A dificuldade da prática do tênis nas escolas é a mesma do basquete, sendo esportes que precisam de quadras especiais, menos comuns. É mais corriqueiro encontrar quadras de futsal e handebol, que são utilizadas para as duas práticas.
O professor crê que alguns profissionais menos habilitados acabam por reforçar a prática mais comum do futsal, do vôlei e do handebol. Outros esportes são deixados de lado por falta de procura dos profissionais, que acabam trabalhando somente com o que conhecem melhor. Isso é agravado pela falta de parâmetros curriculares da Secretaria de Educação na Educação Física escolar. As escolas fazem, então, somente o que suas instalações permitem, o que prejudica em sua maioria escolas públicas.
“Antigamente, as pessoas tinham a ideia de que a aulda de Educação Física se resumia a jogar uma bola para os alunos. Hoje em dia isso está muito mudado, graças aos próprios profissionais, que conscientizam seus alunos”, relata Ricardo. Ele diz ainda que depende do professor buscar a atenção do aluno, valorizando a Educação Física. No ensino dos jogos, é difícil lidar com a falta de tempo, já que, normalmente, um esporte diferente é praticado a cada bimestre. Mas o objetivo é mostrar para o aluno a modalidade e fazer com que ele se motive a procurar por si só sua atividade preferida fora do horário de aulas.
Dentro das escolas, cabe aos esportes coletivos a socialização dos alunos. Ricardo Ramos conta de um aluno seu, no início de sua atuação como profissional, que era excluído do convívio com os outros em razão de seu físico. Coube ao professor forçar sua integração, até que ele se aceitasse e fosse também aceito. “Eu o fazia jogar e, um dia, uma bola veio parar nos pés dele. Ele chutou, fez um gol e foi abraçado pelos colegas, jogado no ar. A partir daí, em todas as aulas ele já vinha querendo jogar, ficou mais ativo”, relata. Esses acontecimentos ajudam a convivência dos alunos com os outros.
Outra preocupação da Educação Física é mostrar que a atividade não serve apenas para esculpir corpos. “De que adianta malhar para ter um corpinho bonito, se a pessoa não consegue andar 500, 800 metros?”, questiona o professor. Saber quais práticas podem fortalecer os sistemas respiratório e circulatório pode trazer benefícios que permanecem em todas as idades, possibilitando, assim, melhora na qualidade de vida.