Responsável pela destruição vidas e famílias o crack é uma droga pesada. Feita a partir da mistura de pasta de cocaína com bicarbonato de sódio, entre outras substâncias, a droga pode ser letal para o organismo. Estudos apontam que, a partir do segundo uso, o indivíduo já adquire o vício. Em evento realizado no Instituto de Psiquiatria (Ipub/UFRJ), foi discutida a problemática do consumo de crack no Brasil, com a participação do professor Francisco Inácio Bastos, titular da Fundação Instituto Oswaldo Cruz e da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj).
A fala do professor foi guiada pela questão fundamental do consumo de crack como um desafio para as pesquisas e políticas públicas, acrescentando ainda as dificuldades geradas pelas distorções realizadas pelos meios de comunicação. “É sem dúvida uma questão grave, mas gera uma histeria prejudicial por parte da mídia”, explicou.
A fim de tentar solucionar, ou pelo menos mapear o problema, o professor propôs uma metodologia composta por três passos: quem, onde e quantos são os usuários da droga? “Encontrar pessoas que não querem ser encontradas é um dos problemas da metodologia. A outra parte das pessoas é de fato não localizável, trata-se de uma população por definição móvel e fica difícil de seguir”, analisou.
Com relação ao número de usuários, também há problemas. “Muitas pessoas negam ser dependentes para o entrevistador, que está ali com um crachá federal credenciado, elas sabem que se trata de um crime e ficam com medo”, disse.
Quanto ao perfil dos usuários, o especialista frisou que não há faixa etária definida. Até mesmo crianças utilizam a droga. Em geral, são moradores de rua de baixa renda, e estima-se a relação com o fato de a droga inibir a sensação de fome. ”A abrangência no rico é muito difícil”, completou o professor. “No sistema formal de educação as chances de encontrar usuários de drogas como o crack é mínima”, explicou.
Como é possível concluir na prática a metodologia é falha, e a falta de resultados frustra os envolvidos. Para Francisco Inácio a situação é grave, pois “não se sabe direito o que está acontecendo. Medidas de saúde pública são necessárias, mas acima de tudo deve-se dar devida atenção ao social”, finalizou.