Entre os dias 29 e 30 de setembro, a UFRJ sediou o V Simpósio de Oncobiologia, organizado pelo Programa de Oncobiologia do Instituto de Bioquímica Médica. Diversos pesquisadores de dentro e fora do país apresentaram os resultados mais recentes de seus trabalhos, estimulando a interação e troca de ideias entre todos os presentes. Na mesa de abertura, o coordenador do Programa, Dr. Marcos Moraes, e os professores do Instituto de Bioquímica Médica, Vivian Rumjanek e Robson Monteiro, ressaltaram a trajetória do Programa nesses 11 anos e como esse evento científico tem atraído, a cada ano, mais participantes.
Roger Chammas, da Universidade de São Paulo, abriu o evento com uma palestra sobre a quimiorresistência do câncer, na palestra intitulada “Câncer como uma doença tecidual: da progressão à quimiorresistência”. Após um breve panorama sobre a carcinogênese, Chammas ressaltou a visão do câncer como um tecido e a importância de uma combinação de abordagens terapêuticas em distintos alvos moleculares.
Em seguida, Marcelo Reis, da Universidade Federal de Santa Maria, palestrou sobre novas vias, armas e alvos contra o câncer. Entre as novas armas inclui-se a detecção do DNA tumoral circulante (tDNA) e a terapia seletiva, que gera a necessidade de uma ferramenta acessória chamada Companion Diagnostics.
As pesquisas que relacionam o melanoma à proteína precursora amilóide (APP) foram o tema abordado por Michelle Botelho, da UFRJ. Um dos objetivos da pesquisadora é a busca de novas propostas terapêuticas para pacientes com melanoma avançado.
Os bolsistas de pós-doutorado Ana Carolina Souza e Wagner Santos Coelho, que em 2010 conquistaram respectivamente as bolsas de pós-doutorado Pro-Onco Leopoldo De Meis e Pro-Onco Vivi Nabuco, apresentaram seus primeiros resultados. Ana Carolina trabalha com aproximadamente 30 pacientes com câncer em estado terminal e seus cuidadores, modulando seus níveis de estresse e bem-estar. Já Wagner estuda a modulação da atividade de enzimas glicolíticas em células de tumor mamário por serotonina.
Marcelo Carvalho, do Instituto Nacional do Câncer, apresentou a palestra “BRCT: um domínio além do BRCA1”. E para fechar o primeiro dia, Claudia Jurberg, da Fiocruz e da UFRJ, apresentou o vídeo de animação “Memórias de minhas pintas tristes: último capítulo de uma trilogia sobre fatores de risco e câncer”, feito com o objetivo de conscientizar a população sobre os perigos do câncer de pele e que, em breve, estará no Canal da Oncobiologia, no Youtube.
Na abertura do segundo dia, a mesa redonda “Da química para a clínica” contou com a participação de Vivian Rumjanek, da UFRJ, Raquel Maia, do Inca e Paulo Costa, da UFRJ. Os três trabalham em cooperação, cada um em sua respectiva especialidade. Paulo palestrou sobre o processo de criação e desenho de fármacos e o efeito citotóxico de pterocarpanoquinonas em células de câncer de mama e leucemia. Já Vivian, que testa estas substâncias em laboratório, falou sobre os efeitos antitumorais da substância LQB118. Por fim, Raquel Maia comentou os resultados da utilização desta substância em células de pacientes com leucemia mieloide crônica e aguda.
Denise Pires Carvalho, da UFRJ, discutiu algumas novas abordagens terapêuticas contra o câncer de tireóide, cujos ensaios ainda não são feitos no Brasil. Em seguida, Rodrigo Martins, também da UFRJ, palestrou sobre oncogenes, supressores de tumor e reparo de DNA no desenvolvimento e tumorigênese do sistema nervoso central.
Mauro Pavão e Maria Isabel Rossi (UFRJ), cujos laboratórios passaram a trabalhar em cooperação a partir da criação do Programa de Oncobiologia, também apresentaram seus trabalhos. Mauro comentou sobre alguns temas importantes que ocorrem durante a metástase tumoral e Maria Isabel palestrou sobre o microambiente da medula óssea e a invasão do câncer de mama.
Logo em seguida, foi a vez de Jorge Filmus, da University of Toronto, apresentar seu estudo “Glypican-3: a marker and a therapeutic target for hepatocellular carcinoma”. O grupo de Jorge identificou um marcador específico para hepatocarcinoma (HCC) e está desenvolvendo um kit diagnóstico para detecção desta doença, que é o quinto tipo mais comum de câncer no mundo. Hoje em dia, a detecção do HCC é feita, na maioria das vezes, quando a doença está em estágio avançado e com reduzidas chances de cura.
Além das palestras no auditório, o Simpósio também ofereceu espaço para estudantes apresentarem suas pesquisas em cerca de 100 paineis. Aqueles que enviaram os melhores resumos tiveram a chance de mostrar seus trabalhos de forma mais detalhada nas sessões Hot Topics, que aconteceram nos dois dias. Durante o encerramento do evento, os três melhores Hot Topics foram premiados. As agraciadas são Carolina Panis, Viviane Mignone Dantas e Natália Mesquita de Brito.
Este ano, o Simpósio de Oncobiologia contou com 200 inscritos, mais que o dobro do número de participantes do ano anterior.
Matéria retirada do Portal de Oncobiologia da UFRJ http://www.oncobiologia.bioqmed.ufrj.br