Quanto você está disposto a pagar para proteger seus olhos do sol? R$400, R$100, R$10. A oferta é grande e diversa, mas é necessário cuidado ao escolher que tipo de ósculos escuros comprar. Levar em consideração apenas a marca e o modelo, sem atentar-se para a procedência das lentes, pode ser fator decisivo e estimulante para o aparecimento de doenças no sistema ocular.
“O uso de óculos escuros falsificados pode ser mais prejudicial do que ficar sem óculos”, afirma o oftalmologista Renato David, do Serviço de Oftalmologia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF- UFRJ). Segundo o oftalmologista, esses tipos de óculos já são feitos com o intuito de ludibriar o consumidor, e há que se tomar cuidado.
Os óculos escuros, explica o especialista, são óculos com lentes que bloqueiam a incidência de luz e de raios ultravioleta sobre os olhos. “A coloração escura ameniza em muito a sensação desconfortável de fotofobia a que algumas pessoas (principalmente aquelas portadoras de astigmatismo e olhos claros) se referem nos dias mais ensolarados”, completa Renato David.
Aproveitando-se desse benefício proporcionado e do fator moda, alguns fabricantes lançam no mercado óculos escuros falsificados, normalmente encontrados em camelôs e em lojas descompromissadas com a qualidade de seus produtos.
Os óculos escuros, como relata o oftalmologista Renato David, são cópias de óculos de grife, feitos com material muito inferior e, por isso, vendidos a preços também muito menores. De acordo com Renato, as falsificações são sempre semelhantes, mas dificilmente idênticas aos óculos originais, alerta ele.
Apesar de os materiais usados (plásticos e metais) serem inferiores, o oftalmologista confessa que o preço é o que chama a atenção e faz desconfiar da eficácia do produto. “Quem tiver dúvida sobre a originalidade das lentes, pode ir a uma ótica. Lá, eles têm condição de verificar”, recomenda David.
O problema em usar óculos com lentes falsas consiste na pouca proteção que elas oferecem aos olhos contra os raios ultravioletas. As pupilas regulam a quantidade de luz que penetra nos olhos ao contraírem-se em ambientes claros e dilatando-se quando há pouca incidência de luz, esclarece doutor Renato. “Ao usarmos óculos escuros, as pupilas dilatam-se, permitindo maior exposição das estruturas oculares aos raios UV.”
Com isso, Renato David continua, torna-se fundamental que as lentes tenham proteção contra os raios UV, pois, caso contrário, o uso dos óculos escuros estará sendo mais prejudicial do que se não estivéssemos usando nada, apesar da sensação de conforto que os óculos escuros proporcionam. “Os danos são, a longo prazo, causados pela maior exposição aos raios UV, que pode levar à formação de catarata precoce ou lesões irreversíveis na retina”, alerta o oftalmologista.
Quando usar óculos escuros?
A recomendação é utilizá-los sempre que a exposição aos raios solares for intensa: nos dias com poucas nuvens, na praia ou na neve. “Quando há gelo, os raios refletem no chão branco de volta aos olhos, havendo uma dupla incidência dos raios ultravioleta”, justifica o oftalmologista Renato David.
Opções
Alternativas aos preços de óculos de grife há, garante o oftalmologista do Serviço de Oftalmologia do HUCFF/UFRJ. “O mercado ótico tem muitas opções de produtos a preço acessível.” Segundo ele, todos os óculos, inclusive os de grau, comprados em óticas de confiança têm proteção contra raios UV. “Não precisa ser um Armani, Ray Ban etc”, assegura Renato David.
Mito
O uso excessivo de colírio pode ser prejudicial aos olhos. Segundo o oftalmologista, Renato David, olhos jovens e saudáveis não necessitam de maiores cuidados. “O uso de colírios usualmente é até contraindicado”, adverte. ”A melhor medida preventiva que podemos tomar em relação à saúde ocular é a visita anual ao oftalmologista”, afirma.
À medida que o tempo passa, admite Renato, vão surgindo alterações e doenças que exigem cuidados, como lubrificantes oculares, o uso de lentes especiais e outros. Contudo, sempre devem ser recomendados por um médico especialista, no caso um oftalmologista, lembra Renato David, do Serviço de Oftalmologia do HUCFF/UFRJ.