Miguel Lemos

Médico farmacologista e professor-adjunto da Faculdade de Farmácia da UFRJ

“O cloro pode irritar os órgãos dos banhistas  que são indivíduos alérgicos e atópicos. Atópicos são pessoas que correm o risco de desenvolverem reações alérgicas de maneira súbita, diante de situações que não são esperadas e, em casos extremos, podem evoluir com obstrução das vias aéreas, situação que pode mesmo culminar com a morte. A propensão aos efeitos adversos vai depender da história patológica pregressa do indivíduo. Isto é se, ele for um indivíduo com história de alergia na família ou atópico, a probabilidade do aparecimento destes efeitos colaterais é bem mais provável e independente da idade.

O emprego de cloro nas piscinas em concentrações adequadas ao volume de água circulante, não oferece risco para o indivíduo saudável. Se usado além da concentração estipulada, o cloro pode desencadear efeitos prejudiciais aos usuários de piscinas, principalmente as cobertas, devido a evaporação e a manutenção do cloro no ar ambiente que não se dissipa. O cloro pode causar reações alérgicas, irritações da pele e prurido. O íon hipoclorito pode causar dano tecidual orgânico e inorgânico se não for retirado da pele imediatamente após sair da piscina.

O mecanismo da toxicidade ao cloro está relacionado a sua solubilidade em água formando ácido clorídrico e hipocloroso. Reações que acontecem no organismo humano, mais precisamente nas vias respiratórias. As consequências podem ser desde reações localizadas até irritação extrema dos olhos. Na pele, causa irritação 
local. Quando inalado, em concentrações elevadas, causa forte ação irritante para as mucosas das vias respiratórias, podendo provocar edema pulmonar com falha aguda respiratória e ainda, bronquiolite difusa. 

Os sintomas agudos a uma exposição excessiva ao cloro gasoso manifestam-se por tosse, dispnéia, expectoração, alterações anatômicas dos pulmões, febre e vômitos. Em altas concentrações, pode ocorrer morte por sufocação ou pneumonia química.  
O potencial carcinogênico do cloro também tem sido avaliado num grande número de estudos, devido à preocupação crescente acerca das implicações da esterilização da água de consumo com cloro, na Saúde Pública.  

Não há dúvida que a cloração tem sido usada com sucesso no controle das infecções transmitidas pela água, por mais de um século. Existem outros produtos químicos alternativos ao cloro para o tratamento da água de piscinas. Algumas dessas alternativas parecem não conseguir a mesma eficácia de purificação e nem o baixo custo operacional que o cloro oferece.”

Alexandre Pinto Cardoso

Médico Pneumologista e professor-adjunto da Faculdade de Medicina da UFRJ

“O cloro é um irritante para as mucosas humanas e dependendo da concentração pode ser tóxico. É bastante comum e antigo a piora da rinite alérgica em praticantes de natação em piscina clorada. A aerossolização do mesmo poderá levar a sensibilização e a resposta alérgica. 

Simplificando: As pessoas alérgicas herdam uma capacidade de reagir diferente de outras pessoas a certos estímulos. Estes podem ser específicos (antígenos) ou substâncias irritantes, já que os alérgicos têm uma resposta exacerbada a vários estímulos. A diferença é que aos primeiros os alérgicos desenvolvem uma resposta com formação de anticorpos que leva a liberação de produtos e células de inflamação quando entram em contato com os antígenos. 

O cloro faz com que susceptíveis (alérgicos) tenham uma maior prevalência dos sintomas alérgicos sejam eles para asma, rinite ou dermatite, quando comparados com outros que nadavam em piscinas com outro tipo de tratamento da água. Mas tudo leva crer que seja concentração dependente. Qualquer piscina doméstica ou não deve ter o seu medidor de cloro pH. Concentrações anormais podem gerar problemas sejam alérgicos ou irritativos.

Claro que se existissem sistemas mais seguros de limpeza haveria uma tendência de migração para estes. Acredito que se necessitará de mais trabalhos de pesquisa com concentrações variáveis de cloro antes de torná-lo proscrito.

A asma é uma doença inflamatória que tende a ser crônica, cuja maior ou menor gravidade depende por um lado da herança genética e, por outro, da exposição ambiental. Tudo isso pode ser modificado por ação de medicamentos e controle ambiental.”