O que antes era um problema na vida dos motoristas do Rio de Janeiro hoje é uma questão de saúde pública. É o que comprova pesquisa realizada por alunos da Escola de Enfermagem Anna Nery da UFRJ (EEAN).
De acordo com o estudo, o número de motoristas que se recusa a utilizar o bafômetro diminuiu de 12% para 1,4% dos casos. Além disso, 91,7% dos entrevistados concordam que a “Lei Seca” contribui para a saúde pública da população.
O objetivo do projeto é analisar o perfil do motorista no Rio de Janeiro, como a população vê a operação “Lei Seca” e qual o perfil dos indivíduos que dirigem alcoolizados. Além disso, o estudo avaliou a qualidade do serviço realizado pela equipe da “Operação Lei Seca”.
O estudo foi realizado em operações “Lei Seca” nos bairros de Copacabana, Humaitá e Barra da Tijuca com o apoio do governo do Estado do Rio de Janeiro. Foram entrevistadas 362 pessoas. A grande maioria deles prefere voltar para casa de táxi ou não consumir bebida alcoólica a arriscar dirigir um carro alcoolizado. Outros dados mostram que 95,9% dos motoristas entrevistados não estavam alcoolizados no momento da abordagem e mais de 90% definiu a abordagem na barraca da “Lei Seca” como boa ou muito boa.
Esses dados revelam mudança de comportamento do motorista carioca após o início da fiscalização. Porém, segundo Ângela Abreu, coordenadora do projeto e chefe do Departamento de Saúde Pública da Escola de Enfermagem Anna Nery (EEAN/UFRJ), apesar da melhoria nas estatísticas e da mudança de comportamento do cidadão, é preciso atentar para o número de motoristas que ainda combina álcool e direção.
“O resultado positivo de 2,8% dos entrevistados para o uso de álcool, significa que ainda há pessoas que dirigem alcoolizadas. Por isso devemos continuar informando orientando sobre educação e saúde no transito e o Estado continuar fiscalizando e punindo, quando necessário”, alerta a professora.
Após 2 anos, “Lei Seca” ainda precisa de melhorias
A “Lei Seca” ou “Lei da Alcoolimia Zero” foi implementada em julho de 2008, após a divulgação de estudos relacionados à grande quantidade de mortes decorrentes de acidentes de trânsito e a ocorrência de catástrofes como a morte de cinco jovens no bairro da Lagoa no mesmo ano, vítimas do uso de álcool no trânsito.
A partir de março de 2009, foram iniciadas as blitz da “Lei Seca” em diversos pontos do Rio de Janeiro. O resultado da medida é significante: no Rio de Janeiro, a porcentagem de mortes relacionadas a acidentes de trânsito diminuiu em mais de 30% depois do início da fiscalização.Contudo, para a professora, a operação “Lei Seca” ainda está muito concentrada na Barra da Tijuca e em bairros da Zona Sul: “nós tivemos um grande ganho nas estatísticas, e é importante manter e ampliar a operação e realizar ações mais abrangentes e efetivas, em todo o Rio de Janeiro”.
Ainda de acordo com Ângela, o papel da universidade e da escola nesse sentido é promover a educação e a informação em relação sobre educação no trânsito. “A Educação começar nas escolas, pois o aluno sai do ensino médio e já começa a dirigir. Existe uma responsabilidade da escola em relação a esta questão, cidades como Brasília já conseguiram implementar educação no trânsito com sucesso, o Rio de Janeiro precisa disso”, completa a professora.