O Instituto Fernandes Figueira, da Fiocruz, está na fase inicial de pesquisa que pretende mapear as diferenças entre o leite de mães de diferentes regiões do Brasil. A pesquisa feita com 30 mães cariocas mostrou a falta de ômega 3, presente principalmente em peixes, alimento pouco consumido na região. Na opinião da Doutora em Saúde Coletiva e pesquisadora (Nupens/USP), Erly Catarina de Moura, nenhum alimento tem o poder de deixar o leite mais nutritivo, mas o ômega 3 é um ácido graxo (gordura) que o organismo humano não consegue produzir e que deve ser fornecido pela dieta.
Erly Moura é uma das autoras do livro “Amamentação: bases científicas”,e alerta para os benefícios da substância e estimula a ingestão de alimentos como peixes, castanhas e nozes ― ricos em ômega 3 ― pelo menos duas vezes por semana: “ele é importante, principalmente pela atividade anti-inflamatória, controle de colesterol e triglicérides sanguíneos” , explica.
Outro ponto que a pesquisa da Fiocruz procura esclarecer é se, de fato, o leite de mães de bebês prematuros é mais “forte” para suprir as necessidades especiais em que aquele bebê se encontra. Erly Moura entende acredita que “o que acontece é que o leite do bebê prematuro também está ‘prematuro’, isto é, está na composição necessária ao desenvolvimento do bebê”.
Um dos mitos mais fortes em torno do leite materno é o de que algumas mulheres produziriam um “leite fraco”. A especialista desmente e explica o porquê da perpetuação desse mito por tanto tempo: “não existe um leite fraco, o que há são técnicas incorretas de aleitamento materno, que não saciam e fazem o bebê continuar com fome. A partir daí surge o pensamento de que o leite é fraco e, geralmente, se oferece leite de vaca , que é próprio para o bebê da vaca, que pesa 30 quilos, e não para o humano que pesa em média três. A digestão é difícil e por esse fato o bebê dorme muito mais, o que só reforça a lenda do leite fraco.”