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O IBGE, em parceria   com o Ministério da Saúde, fez essa pergunta em todo o país e o resultado   foi divulgado no último mês. O Sudeste foi a região com maior percentual   de pessoas que se dizem saudáveis. Do total de entrevistados na região,   80,1% responderam que sua saúde ia “bem” ou “muito bem”. 
Para procurar avaliar esse resultado, o Olhar Vital convidou o professor Alexandre Palma, da Escola de Educação Física e Desportos, e Rafaela Rangel, pesquisadora do CEPNUC (Centro de Pesquisa em Nutrição Clínica) do Instituto de Nutrição Josué de Castro.
Alexandre Palma
Professor da Escola de Educação Física e Desportos da UFRJ
      “Em que pese à ciência   biomédica considerar que se devam praticar exercícios físicos regularmente   e se alimentar de um determinado modo, é preciso ter certo cuidado   com esses entendimentos. Obviamente, a prática de exercícios e uma   alimentação balanceada podem ajudar os indivíduos, mas apresentar   tais comportamentos não nos cura de todos os males, e é interessante   entender que a saúde é algo extremamente complexo, que sofre influência   de diferentes aspectos. Além disso, é preciso tomar cuidado com prescrições   moralistas, que imputam ao indivíduo à obrigatoriedade de cumprir   determinados comportamentos e, se não os cumprem, os sujeitos passam   a ser culpados por suas doenças. 
    
Mas pessoas que praticam   exercícios físicos e gostam de fazê-los podem ter alguns benefícios   associados, sim. Por exemplo, nas que praticam exercício aeróbico   pode-se observar alterações no sistema cardiovascular, na capacidade   de transportar e utilizar o oxigênio e a redução da gordura corporal.   De certo modo, isso poderia ser importante para redução da pressão   arterial, contribuir para redução da probabilidade de ocorrência   de outras doenças cardiovasculares e evitar a obesidade, além de favorecer   a uma maior resistência. No caso do treinamento de força, poderíamos   observar aumento da massa muscular e óssea contribuindo, assim, para   evitar alguns problemas relacionados a esses sistemas, como a sarcopenia   (redução da massa muscular) e osteopenia (redução da massa óssea),   comuns com o envelhecimento. 
    
Existem problemas,   porém, quando tentamos associar atividades físicas e boa alimentação   à saúde. Para sermos saudáveis, do modo como prega a ciência, temos   que realizar exercícios físicos, comer adequadamente, não fumar,   beber moderadamente, não usar drogas, não termos relações sexuais   sem proteção etc. São muitas prescrições, mas nada nos garante   que tenhamos sucesso ao final. 
    
O Rio de Janeiro, em especial, tem alguns aspectos que fazem com que seus habitantes sejam mais saudáveis, porém possui outros que podem os tornar menos. Por exemplo, a característica da temperatura elevada na cidade poderia ser favorável à menor ocorrência de doenças respiratórias comparada a regiões frias, mas poderia ser desfavorável para ocorrência das doenças chamadas tropicais. Em relação à prática de exercícios a temperatura também pode ser um fator preocupante, em decorrência de problemas relacionados à termorregulação e à desidratação.”
Rafaela Rangel
Pesquisadora do Centro de Pesquisas de Nutrição Clínica, vinculado ao Instituto de Nutrição Josué de Castro – UFRJ
“Uma vida saudável   é uma combinação de ações que a pessoa deve ter com ela mesma.   Como a prática de atividade física, a postura corporal, dormir o suficiente   para um bom descanso diário, uma alimentação saudável entre outras   coisas. 
    
Alimentação saudável   não significa privar-se do prazer de comer. Podemos encontrar tipos   de preparações que conservam o sabor e as propriedades nutritivas   dos alimentos. Ingerir líquidos durante o dia   é uma atitude simples, mas de grande valia para que o corpo mantenha   suas funções. 
    
Uma boa alimentação   deve levar em conta, antes de mais nada, as necessidades particulares   de cada indivíduo. Uma pessoa com diabetes, por exemplo, não pode   submeter-se ao mesmo cardápio alimentar que uma pessoa sem a presença   dessa patologia. Por isso, há a necessidade do acompanhamento com um   profissional apto a orientar e a prescrever uma dieta equilibrada para   cada tipo de situação. 
    
A negligência com   a saúde pode causar sérios danos, dentre eles doenças como o diabetes,   a hipertensão arterial, as doenças coronarianas, entre outras, que   podem e devem ser prevenidas com a adoção de um estilo de vida saudável.   A população deve se conscientizar de que mudanças de atitude, que   nem sempre precisam ser grandiosas, podem contribuir para uma vida de   maior qualidade e longevidade. 
    
Considerando que o   Sudeste é a região que acomoda as principais cidades brasileiras,   sendo o Rio de Janeiro uma delas, infere-se que a população que compõe   esse espaço, em relação as áreas mais afastadas do centro econômico,   forme um conjunto que tem menos dificuldade de acesso   às informações e aos recursos públicos, dentre eles os correspondentes   à saúde, inclusive a saúde alimentar. Consequentemente, isso possibilita   um quadro mais positivo de conscientização e de busca por uma alimentação   mais saudável. Aqui estou desconsiderando os casos de privação, obviamente. 
    
Mas, no que tange a   população carioca e a busca por hábitos alimentares mais adequados,   percebe-se que realmente existe, entre uma boa parte da população   do Rio de Janeiro, uma preocupação frequente com a adoção de hábitos   alimentares mais saudáveis. Uma das causas   é a busca por uma modelação ideal do corpo."