As alergias alimentares  sempre formam preocupações constantes, especialmente das mães. Crianças  pequenas estão sempre sujeitas a essa condição, já que ainda não desenvolveram  por completo seu organismo. Então, para as mamães preocupadas, foi instituído o  Dia Nacional de prevenção às doenças alérgicas, que ocorre todo dia 7 de maio,  quando acontecem ações de conscientização sobre alergias por todo o país. A  data, instituída pela Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia (Asbai)  desde 1946, remete às alergias respiratórias que têm manifestação comum nesta  época do ano.
Por conta disso, o Por uma Boa Causa deste mês vai abordar  as diferentes alergias alimentares que acometem a população. Na abertura desta  série de reportagens, entrevistamos a professora Elizabeth Accioly, do Setor de  Nutrição Clínica do Instituto de Nutrição Josué de Castro (INJC/UFRJ), para  falar sobre a alergia ao leite de vaca.
Muitas pessoas conhecem alguém  que não pode beber leite. A famosa intolerância a leite é, na verdade, uma  nomenclatura que engloba duas condições diferentes, como explica a professora  Elizabeth Accioly. “Esse tipo de alergia é uma resposta imunológica a uma  proteína contida no leite, já a intolerância à lactose é uma incapacidade do  organismo de digerir lactose, que é o açúcar do leite”, esclarece a  nutricionista. 
Segundo Elizabeth, os  principais sintomas da alergia ao leite são  gastrointestinais, como diarreia, vômito e  distensão abdominal, e as manifestações respiratórias. “A alergia pode ser  confundida com a intolerância, porque os sintomas gastrointestinais também  ocorrem na intolerância à lactose”, afirma a professora.
Diferenças explicitadas, Elizabeth  discorre sobre a alergia, que é um problema que pode ser causado por,  basicamente, duas maneiras diferentes. A primeira é quando há algum problema  com o intestino do indivíduo, da criança por falta de desenvolvimento, do  adulto por alguma lesão. A outra causa é quando há predisposição genética.
Sobre o baixo  desenvolvimento ou lesões intestinais, a especialista destaca que a lesão pode  causar uma reação antígeno-anticorpo entre o sistema imunológico e a proteína  do leite, e assim desencadear o processo alérgico. Segundo ela, o mesmo  acontece com a criança, porém a causa é o baixo desenvolvimento do intestino, apresentando,  assim, a identificação da proteína como corpo estranho.
Já sobre a predisposição  genética, a professora explica que são casos mais difíceis, já que não pode  haver ingestão da proteína de maneira alguma. “A criança que tem alergia por  causa da identificação da proteína do leite como antígeno pode perder essa  alergia conforme ela cresce e o intestino se desenvolve, mas aquela que tem  predisposição genética não”, aponta Elizabeth Accioly.
Atenção  necessária
Uma grande preocupação em  todas as doenças crônicas são as doenças associadas. No caso da alergia ao  leite, a professora explica que a única deficiência deixada pela ausência do  leite na alimentação é o cálcio. A ausência do mineral pode causar prejuízo no  crescimento e desenvolvimento da criança, mas é um problema de fácil resolução.  “O nutricionista tem que acompanhar a alimentação do pequeno e se for preciso  fazer uma suplementação de cálcio”, esclarece Elizabeth.
Algumas pessoas se  perguntam sobre a possibilidade de prevenção ou diagnóstico das alergias  alimentares. Sobre a prevenção, a nutricionista diz que a principal medida  profilática, indicada pelo ministério da saúde, é evitar alimentar a criança  com leite, que não seja o materno, antes que complete um ano. Já sobre os  testes alérgicos, a professora explica que os mais usados para detectar  alergias alimentares são os testes cutâneos e de exclusão e reexposição. O  último é o mais usado e consiste na exclusão do alimento de que se suspeita ser  a alergia da dieta do paciente, e após certo período de tempo a reinclusão  deste alimento. “Para ser feito o teste de exclusão deve-se ter um histórico  alimentar detalhado, para saber qual alimento excluir da dieta”, aconselha a  professora.