As inovações tecnológicas deste século trouxeram muitas melhorias na qualidade de vida da população, mas ao mesmo tempo, aumentaram a quantidade de resíduos descartados no meio ambiente. Começa a se delinear, então, nestes últimos anos, uma maior preocupação com as questões ambientais no planeta, principalmente na utilização da reciclagem de materiais.
A professora Elen Vasques Pacheco, do Instituto de Macromoléculas Professora Eloísa Mano (IMA/UFRJ), destaca a importância da coleta seletiva para o processo de reciclagem: “A partir do momento que separamos o lixo, fornecemos um material mais limpo, que precisa de um menor gasto de água e energia para reciclar”, afirma.
Nesse sentido, Elen acredita na criação de novos hábitos por parte da população para separar os materiais e conduzi-los para coletores adequados, diminuindo assim, o volume de lixo nas ruas. Segundo ela, normalmente separa-se o lixo, mas não se sabe se há de fato uma coleta seletiva na rua, ou até mesmo no bairro. “O papel do cidadão não é só separar e colocar o lixo na calçada. É verificar se o material está sendo coletado e encaminhado corretamente para o centro de reciclagem”, diz.
Um fato importante de se destacar para a manutenção da reciclagem e de atividades ecologicamente corretas, é a maior severidade da legislação ambiental, muito diferente das décadas passadas. Isto, segundo Elen, implica a adequação das empresas às novas leis: Em algumas empresas, a reciclagem passa até mesmo a se tornar fonte de lucro: o material que é resíduo para uma empresa pode ser matéria prima para outra. O que pouca gente sabe, é que o lixo é 100% reciclável, mas nem todas alternativas para reciclar o lixo são economicamente viáveis. Como exemplo, a pesquisadora citou os copos de plástico, que são materiais altamente recicláveis, porém não há uma estrutura das cooperativas para este material.
Um dos grandes problemas enfrentados neste campo, é a dificuldade de ser um reciclador: além de buscar o lixo em fontes como lixões, há um enorme gasto de energia e água, além do esforço físico do próprio reciclador. Isso se junta ao fato dos altos impostos que incidem sobre sua atividade. ”É difícil reciclar neste país, mas a situação está melhorando. Hoje em dia, já vemos aqui no Brasil empresas pioneiras no aproveitamento sustentável de seus próprios resíduos”, afirma Elen.
Por fim a pesquisadora evidencia a parceria entre a UFRJ e a Associação dos Recicladores do Estado do Rio de Janeiro (ARERJ) no sentido de tornar o Rio de Janeiro um grande centro de reciclagem, e para a pesquisadora, os projetos do Centro de Tecnologia, como o Recicla CT, por exemplo, são os maiores indícios de que esta parceria está dando certo.