Pesquisadores do Núcleo de Computação de Alto Desempenho (Nacad) da Coppe/UFRJ, sob a coordenação do professor Amit Bhaya, desenvolveram um software que permite serviço de telerradiologia de baixo custo, com diagnóstico pela internet, chamado ScanRX. Usando tecnologia nacional, ele visa a atender às necessidades do sistema de saúde brasileiro, especialmente em regiões distantes do país, onde não há especialistas. A tecnologia, que teve financiamento da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), faz parte do projeto de Teleintegração para Imagens Radiológicas (TIPIRX) e pode ser implantada no Programa Telessaúde Brasil, do Ministério da Saúde.
“Sua principal vantagem é ser um sistema de baixo custo que permite diagnosticar precocemente doenças pulmonares que estão ressurgindo, como a tuberculose”, afirma o professor Amit, do Programa de Engenharia Elétrica da Coppe e coordenador técnico do projeto. A tuberculose ainda é um grande problema na saúde pública e a demora na identificação, além de aumentar sua propagação, a torna mais agressiva.
O ScanRX tem interface amigável, podendo ser utilizado mesmo por quem não tem conhecimentos em informática ou radiologia. Ele funciona digitalizando a imagem de raio X em filme convencional, o mais utilizado no país, comprimindo-a e permitindo o envio pela internet. A imagem, anexada a um formulário eletrônico com informações sobre o paciente e sobre o médico, será então enviada a uma equipe de teleconsultores dos serviços de radiologia, quando será avaliada por um especialista e, então, enviada de volta ao médico, que pode agora fazer o diagnóstico final e medicar o paciente.
Para a transmissão das imagens, foi desenvolvido pelo Laboratório de Telessaude da Uerj o rioteleRX, que irá permitir a emissão de relatórios de segunda opinião para não radiologistas, por médicos especializados dos hospitais universitários da UFRJ, Uerj e UFF, respeitando a resolução do Conselho Federal de Medicina sobre telerradiologia. Essa resolução determina que as transmissões com propósito de consulta ou relatório devem ser feitas com a infraestrutura apropriada e obedecer às normas técnicas e éticas do CFM quanto à guarda, manuseio, transmissão de dados, confidencialidade, privacidade e garantia do sigilo profissional, além de estarem acompanhadas dos dados clínicos necessários do paciente, que deve autorizar a transmissão eletrônica. O sistema também faz parte do TIPIRIX e teve seu desenvolvimento correlacionado com o do ScanRX.
Entre as inovações do software criado pela Coppe, estão a operabilidade simples (ele próprio informa como o filme deve ser exposto no escâner e o número de passos e movimentos necessários para a obtenção da imagem parcial, evitando erros na identificação), podendo ser operado mesmo por quem não tenha conhecimento técnico de radiologia ou de informática, e as soluções de baixo custo (como o uso de um escâner comum, que custa R$2 mil ao invés do especial, de R$20 mil), facilitando sua compra e implantação.
O ScanRX já está sendo utilizado em algumas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) do Rio de Janeiro e vem apresentando bons resultados. A expansão do projeto depende de patrocínio, seja do governo ou do setor privado. “Outros hospitais já mostraram interesse, agora é aguardar a compra do equipamento”, diz o professor.