Rio - Um em cada três portadores de HIV em tratamento no país tem resistência à maioria das drogas disponíveis para controlar e minimizar a evolução da Aids. A conclusão é de uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
O autor do levantamento, o infectologista Ricardo Diaz, acredita que os principais motivos para explicar a falha no tratamento de 30% dos pacientes com Aids são uso incorreto do coquetel, a resistência prévia do vírus ao medicamento antes mesmo do início da medicação e até alterações no metabolismo do paciente.
Segundo especialistas, a dificuldade de adesão ao tratamento, que pode ser consequência dos efeitos colaterais dos coquetéis e da dificuldade de tomar um grande número de medicamentos nos horários certos, é um dos maiores problemas. “Se a pessoa toma direito e a carga viral fica indetectável, não tem como se tornar resistente.
É possível usar os remédios por 20 anos sem desenvolver resistência”, diz o infectologista Caio Rosenthal.
O técnico do departamento de DST/Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde Ronaldo Hallal ressalta que a resistência também está ligada ao diagnóstico tardio.
“Se a pessoa começa a se tratar com a imunidade alta, a chance de desenvolver resistência é menor. Mas se começa o tratamento quando está doente, o risco é maior”, explicou Hallal. “O mundo se preocupa com a resistência aos medicamentos. No Brasil, médicos dão aconselhamento sobre tratamentos que podem ser adotados. É raro não ter opção”, minimizou o técnico.
A resistência ao tratamento no entanto, já foi maior no país. Nos últimos cinco anos, a falha na resposta contra a Aids caiu 11%. “Apesar de ainda termos 30% de falha, esse número está diminuindo ao longo dos anos”, concluiu o infectologista da Unifesp, acrescentando que a evolução das drogas e do acesso ao coquetel no País aumenta o leque de opções.
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