Dando prosseguimento à série do Por Uma Boa Causa desse mês, que trata de Mudanças Climáticas, o Olhar Vital aborda captura e armazenamento de carbono como processo de enfrentamento do aquecimento global.
As atividades humanas para produção de energia, como a queima de combustíveis fósseis, causam grande aumento dos níveis de dióxido de carbono (CO2) no planeta, contribuindo para o cenário cada vez mais grave de aquecimento global. Uma das soluções encontradas para mitigar as mudanças climáticas, é a captura e o armazenamento do carbono liberado nos processos. Para esclarecer o assunto, o Olhar Vital entrevistou o professor Alexandre Szklo, coordenador do Programa de Planejamento Energético da Coppe-UFRJ.
“Existem três principais formas para se realizar a captura. A mais comum é a combustão do hidrocarboneto, através de um processo químico que demanda energia. Outro método possível é queimar o hidrocarboneto com O2 puro, retirado do ar, mas isso demanda maior dificuldade e custo. Por último, o método considerado mais eficiente é o da pré-combustão do carvão através de um processo físico de gaseificação do mesmo. Porém, essa técnica ainda demanda um custo muito elevado.”
Alexandre explica que o processo químico de captura, embora seja utilizado em larga escala no mundo, possui diversos problemas, como a demanda de espaço (que poderia chegar ao tamanho de uma termoelétrica), o grande consumo de água e a perda energética envolvida no processo da captura. Por tais motivos o método físico, que vem sendo trabalhado nas pesquisas da Coppe-UFRJ, seria mais eficaz, ainda que sua disponibilidade tecnológica seja muito limitada.
A captura de carbono é uma das grandes apostas dos países da Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Económico (OCDE), que visam a manter a produção diminuindo os impactos ao meio ambiente, causados principalmente por fontes estacionárias (como as chaminés das fábricas).
Embora o combustível considerado mais adequado para a obtenção de energia de forma “limpa” seja o gás natural, a captura de carbono permite maior margem do uso das técnicas mais comuns. “Hoje, 40% da eletricidade advém da queima do carvão. Oito em cada dez temoelétricas se utilizam desse combustível. Não há outra solução senão a utilização do método de captura”, conclui o pesquisador.