As novas tecnologias tornaram a comunicação entre indivíduos tão fácil quanto o aperto de um ou dois botões. A facilidade de entrar em contato com outras pessoas e, ao mesmo tempo, de estar ao alcance delas traz inúmeras consequências, tanto positivas quanto negativas. Uma delas é a nomofobia, caracterizada pela angústia que um determinado indivíduo sente de estar impossibilitado de se comunicar através do telefone celular. A psicóloga Anna Lúcia Spear King, pesquisadora do Instituto de Psiquiatria (Ipub-UFRJ), determina quando esse receio passa de normal a preocupante. “Se a pessoa está longe de casa e volta somente para buscar o celular, ou se fica nervosa, com palpitações quando está sem o aparelho, há indícios de um transtorno de ansiedade que precisa ser observado”, afirma.
A especialista lembra que esta fobia não é exclusiva para dependentes do uso de celular. “Quando surge uma nova tecnologia, ela afeta o comportamento das pessoas. Aquele aparelho provoca uma mudança e temos que nos adaptar”, alerta Anna Lúcia. O nome deste transtorno vem da abreviação de termos em inglês “No-mobile” (sem celular), mas está associado também ao medo de ficar sem notebooks ou outros aparelhos portáteis de comunicação. O receio de ficar incomunicável é explicado pelos pacientes. “A principal alegação dos pacientes que sofrem deste mal é que eles podem passar mal na rua e, sem contato, ficariam sem socorro”, diz a especialista.
O tratamento da nomofobia é realizado através de sessões de terapia cognitiva comportamental. “Induzimos gradualmente sintomas que provocam pânico nos pacientes, demonstrando que são inofensivos”, explica Anna Lúcia, que complementa: “Assim, o paciente percebe que as situações que passa são normais e perde o medo”, conclui a psicóloga.
Serviço
O Instituto de Psiquiatria da UFRJ atende pacientes que sofrem desta fobia em seu Laboratório de Pânico e Respiração. O endereço do Ipub é Avenida Venceslau Brás, 71, Botafogo. Mais informações pelo telefone (21) 2295-3499.