• Edição 215
  • 13 de maio de 2010

Saúde e Prevenção

Entenda o Transtorno de Ansiedade Generalizada, o TAG

Carolina Mazzi – AgnPV

Ficar ansioso por motivos muito simples, ou sofrer desproporcionalmente frente a uma situação mais tensa podem ser sintomas do Transtorno de Ansiedade Generalizado, o TAG. Segundo o psicólogo Rodrigo Simas, do Instituto de Psiquiatria da UFRJ (Ipub), a doença se caracteriza por reações de ansiedade exageradas e pode estar relacionada a outras síndromes.  “Ela pode estar ligada a síndrome do pânico, ou pode ser desencadeada por outras doenças, mas não necessariamente. Na maioria das vezes não se pode determinar o início” afirmou.

O psiquiatra David Sosa, também do Ipub, afirma que a doença pode fazer parte de um distúrbio de personalidade. “Pode ser crônica, que vem de anos. Raramente é desencadeada por um único evento, só se for uma experiência muito forte, muito traumática” afirma. A doença, segundo o psiquiatra, não tem causas muito específicas, mas está ligada aos sintomas de diversos outros males, como o TOC e a depressão. “Ela não tem uma coisa específica dela mesmo, tem um pouquinho de cada uma” afirma.

O TAG faz parte de uma série de transtornos relacionados à ansiedade, um sentimento absolutamente natural do ser humano, segundo Simas. “A ansiedade é natural e totalmente justificável. Ela preserva o ser humano frente uma situação de medo” afirma. O problema, segundo o psicólogo, é quando as reações ansiosas começam a ficar fora de controle e se tornar injustificáveis. “Se a pessoa começa a sofrer além do normal em um momento de tensão, ou seja, ampliar, generalizar a ansiedade, passa então a se tornar uma doença” conta.
Pré-disposições, razões genéticas e do ambiente são pesquisados, mas, por enquanto, trabalha-se com hipóteses, e todos estão suscetíveis a doença, afirma Simas. “Qualquer um pode sofrer, não só de TAG, mas de qualquer doença psiquiátrica” conta. O psicólogo conta que, por causa do preconceito que envolve as doenças da Psiquiatria, o diagnóstico é feito tardiamente. “Muitas vezes, o TGA começou lá atrás, mas porque as pessoas têm aquele preconceito de que ‘psiquiatra é coisa para maluco’, essa síndrome pode desencadear uma doença mais complicada, mais séria” afirma.

David Sosa afirma que o TGA é uma síndrome que pode ter consequências graves, mas não é tão frequente quanto os outros transtornos de ansiedade, como o Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), a Fobia Social e a depressão. “Ela é uma doença grave, tem consequências bastante ruins, pois a pessoa passa a ter medo, ter um sentimento injustificável em relação a qualquer ação” afirma.

O diagnóstico da doença, segundo Simas, é relativamente fácil. “As pessoas têm reações tão desproporcionais ao acontecimento que ficam razoavelmente evidentes”, conta. No entanto, segundo Sosa, é preciso que os sintomas fechem um quadro médico. “Existem diversas características que vão fechar o diagnóstico certinho” afirma.

Tratamento

Segundo os especialistas, o uso de antidepressivos e terapia é o indicado. “O tratamento farmacológico tem se mostrado muito bem sucedido, com excelentes resultados”, afirma Simas, que prefere não pensar no termo cura. “Na psicanálise não gostamos de pensar em cura, mas em uma reinterpretação daqueles problemas, um novo entendimento das causas que levaram aquilo”, conclui.