“Mostrar uma realidade ignorada e debatê-la dentro da universidade.” A fala de Vinícius Fonseca, aluno da Faculdade de Direito da UFRJ, na abertura do vídeo-debate “Carne: comer ou não?” definiu o objetivo do encontro. Organizado pelo grupo de estudantes da UFRJ Universitários Vegetarianos (Univeg) - do qual Vinícius faz parte - no final da tarde de terça-feira (11/5) foi exibido o documentário A Carne é Fraca (2005), de Denise Gonçalves, seguido por debate, orientação nutricional e lanche de culinária vegetariana, na Escola de Educação Física e Desportos (EEFD-UFRJ).
Em 54 minutos, produzidos pelo Instituto Nino Rosa – projetos por amor à vida, a narrativa é conduzida por Nina Rosa, ativista em defesa do direito dos animais. O impacto ambiental causado pelo crescimento da atividade pecuária, a perversa rotina dos matadouros e frigoríficos e o questionamento sobre a cultura de comer carne e seu reflexo na saúde formam o eixo temático a partir de depoimentos de atores sociais dos mais diversos ramos, como: Direito, Nutrição, Medicina, Psicologia, Educação, Ecologia, Comunicação, até o bicampeão mundial de boxe Éder Jofre, vegetariano desde 1956.
A Carne é Fraca não deixa passar desapercebido o impacto ambiental causado pela pecuária, sendo tão ou mais grave do que a emissão de gases poluentes na camada de ozônio. Além dos desmatamentos em áreas de floresta, como a Amazônia, o filme revela os seguintes dados da FAO (organização das Nações Unidas para alimentação e agricultura): para a produção de 1 kg de carne bovina é necessário o gasto de 15 mil litros de água, enquanto que 1 kg de cereais exige 1,3 mil litros. Uma oferta de recursos hídricos a cada dia mais escassos.
A discussão posterior ao filme se baseou na importância do público em geral ter acesso a informações quanto à produção de carne e seus derivados. De acordo com a filosofia vegana, seguida pelos integrantes do Univeg, não se deve consumir qualquer tipo de carne ou mesmo produtos de origem animal como leite, ovos, laticínios. A dieta é composta basicamente por cereais, frutas, legumes, vegetais, hortaliças, algas e cogumelos.
Para orientar os participantes do vídeo-debate, após a exibição do filme foi realizada uma apresentação em slides sobre a dieta vegana numa comparação com a alimentação tradicional. Dúvidas quanto à necessidade do consumo de proteínas e vitaminas foram esclarecidas.
Para a obtenção de proteínas, há uma série de alternativas dentre os cereais e leguminosas. O que a alimentação baseada em vegetais de fato não supre é a falta da vitamina B 12, fundamental para a formação do sangue e necessária para a manutenção do sistema nervoso. Porém, ela pode ser ingerida a partir de suplementos alimentares.
Por fim, o hambúrguer de lentilha com suco de soja foi o estopim da noite que já caía na Cidade Universitária.
Dieta vegetariana nos Restaurantes Universitários
O Univeg vem se mobilizando pela reivindicação de mais opções de alimentação vegetariana nos Restaurantes Universitários (bandejões) da UFRJ. Inclusive já circula pela universidade um abaixo-assinado em prol do sucesso da causa. Mais informações pelo endereço eletrônico univegufrj@yahoogrupos.com.br.