Após estudo pioneiro sobre a eficácia da ingestão do óleo de coco no aumento do nível do colesterol bom, alunos de pós-graduação e iniciação científica da professora Glorimar Rosa, do Instituto de Nutrição Josué de Castro (INJC/UFRJ), ampliam a pesquisa e estudam o potencial da farinha de coco no tratamento pós-operatório de problemas cardiovasculares.
Essa nova pesquisa surgiu a partir da descoberta da farinha de coco na literatura, explica Christine Erika Vogel. Aluna de doutorado na pós-graduação de Cardiologia no Instituto do Coração Edson Saad (Ices/UFRJ) e orientada pelas professoras Glorimar Rosa, do Instituto de Nutrição Josué de Castro, Gláucia Moraes e Vania Silva, do Instituto do Coração Edson Saad, ela explica que o fato de a farinha de coco ser isenta de glúten e não haver na literatura científica trabalhos sobre o alimento em pacientes cardiopatas motivou a extensão do estudo que se iniciou com o óleo de coco, sua dissertação de mestrado.
Para produzir a farinha, a polpa de coco é secada, retirada a gordura, moída e transformada em um pó muito similar à farinha de trigo, explica Christine. Com um teor mais elevado de fibras do que a farinha de trigo e isenta de glúten, a farinha de coco possui gorduras (ácidos graxos de cadeia média) também presentes no óleo de coco extra-virgem, que apresentam potencial protetor para a saúde cardiovascular, compara a pesquisadora e nutricionista.
Utilizando como base a literatura científica, Christine conta que a farinha de coco é capaz de gerar os chamados ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), como o propionato e o acetato. Estes ácidos graxos são capazes de inibir uma enzima chamada HMG-Coa redutase, que é a principal enzima responsável pela produção de colesterol. “Assim, podemos sugerir que a farinha de coco pode reduzir o colesterol sérico destes pacientes, o qual geralmente encontra-se elevado”, ela resume.
A farinha, segundo ela, também é fonte de um ácido graxo de cadeia média, chamado ácido láurico e, “em estudo publicado em 2001, esse ácido aumentou o HDL colesterol, reduziu triglicerídeos e reduziu a razão LDL/HDL, mostrando-se mais protetor contra doenças cardiovasculares”, acrescenta a pesquisadora.
Dessa forma, ela declara: “Espera-se também que haja, com a ingestão da farinha de coco, uma redução de citocinas pró-inflamatórias que apresentam tendência de elevação em tais pacientes e que aumentam o processo inflamatório”.
A Pesquisa
A pesquisa ainda está em fase de preparo de protocolo e encaminhamento ao Conselho de Ética e Pesquisa. Ainda estuda-se a melhor forma de administrar a farinha para o paciente, mas as expectativas são as melhores possíveis, afirma Christine Vogel.