A evolução da ciência pode transformar sonhos em realidade. Hoje, a medicina manipula técnicas antes consideradas impossíveis, como os antibióticos ou os transplantes de rosto. Atualmente, um dos principais desafios dos cientistas é descobrir a cura para problemas no tecido através das células-tronco.
Pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) chegaram a resultados inéditos na manipulação de células-tronco em ratos paraplégicos. O grupo liderado por Ana Martinez, professora e pesquisadora do Laboratório de Neurodegeneração e Reparo do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB/UFRJ), confirma com o estudo que o tratamento com células-tronco embrionárias pode trazer cura a doenças, hoje, consideradas sem solução.
Para chegar a tal resultado, a equipe provocou lesões na coluna vertebral de ratos e tratou apenas alguns deles com células-tronco embrionárias coletadas do próprio animal. ”A equipe planejou a lesão para ser o mais semelhante possível a uma paraplegia humana provocada por acidente”, explica a pesquisadora.
Após o transplante, foi feita análise comparativa entre os ratos tratados, ratos não tratados e ratos saudáveis. O resultado da análise mostra que a intensidade e a rapidez na recuperação dos movimentos dos ratos tratados com células-tronco embrionárias é quase duas vezes maior do que em ratos que dependiam apenas da reação do organismo ao trauma.
De acordo com Ana Martinez, o tratamento com células-tronco mostrou diferença significativa na recuperação dos ratos tratados. Isso significa a possibilidade de evolução no tratamento da paralisia. Mas ressalta: “a pesquisa ainda é totalmente experimental e não há previsão de testes com humanos. Ainda há muitas etapas a serem preenchidas antes disso, como o aumento na taxa de sobrevivência das células, que ainda é pequena.”
Por que células-tronco embrionárias são especiais?
As células-tronco têm a capacidade de gerar outros tipos de células do organismo, podendo regenerar lesões no tecido. Esse tipo de célula pode ser encontrado de diversos modos. A forma Embrionária, retirada dos embriões durante o desenvolvimento celular do zigoto, e a forma adulta, que podem ser retiradas da medula óssea, fígado, pâncreas e músculos esqueléticos, são as mais conhecidas e utilizadas.
As células-tronco embrionárias mostram maior eficácia, pois têm capacidade de se transformar em, praticamente, qualquer célula do corpo humano, porém, esse é o tipo de célula-tronco mais polemizado na sociedade, devido à necessidade de proliferar em laboratório óvulos fecundados para a coleta. Para isso, o laboratório que utiliza células-tronco embrionárias nos testes com ratos tenta descobrir alternativas que tenham a mesma eficácia sem problemas éticos.
“A intenção é descobrir o melhor tipo de célula-tronco a ser utilizada, aquela que tem a melhor relação custo-benefício, seja mais fácil de adquirir e não envolva problemas éticos”, esclarece a pesquisadora.