O controle da postura possui dois principais objetivos funcionais: a orientação dos segmentos corporais e a manutenção da estabilidade. A integração das informações sensoriais provenientes dos sistemas visual, vestibular (que oferece informações sobre a orientação da cabeça, em relação ao campo gravitacional terrestre) e somatossensorial (que fornece informações sobre o posicionamento dos segmentos corporais, além de detectar mudanças da orientação do indivíduo em relação à gravidade) é fundamental para o bom funcionamento do sistema de controle postural. No entanto, pouco se sabe como ele se comporta na ausência de uma dessas informações a longo prazo.
Com o objetivo de avaliar o modo como a perda visual total afeta a orientação dos segmentos corporais e a estabilidade, Nathalia Lima Ribeiro, defende, em 28 de fevereiro, no Auditório Maria Lenk (Escola de Educação Física e Desportos), sua dissertação de mestrado “Modificações no equilíbrio e na postura de deficientes visuais com idade de perda visual distinta”. Além disso, o estudo se propôs a verificar como a postura e o equilíbrio estão relacionados em deficientes visuais com diferentes idades da ocorrência da perda visual.
Integrante do Núcleo de Estudos do Movimento Humano (NEMoH) da EEFD/UFRJ, Nathalia iniciou o estudo montando uma amostra composta por voluntários completamente cegos, divididos em precoces (perda visual congênita; n=9) e tardios (perda visual após os 11 anos; n=18), além de um grupo controle sem comprometimento visual (n=22). Ambos os voluntários eram praticantes de atividade física regular do sexo masculino.
A partir disso, foi realizada uma avaliação postural computadorizada quantitativa através de fotografias utilizando o protocolo SAPO, onde foram mensuradas as medidas de 13 ângulos articulares. O software para Avaliação Postural (SAPO) é uma ferramenta gratuita para avaliação postural computadorizada. O programa é fundamentado na digitalização de pontos anatômicos pré-definidos e, assim, fornece automaticamente uma série de medidas sobre a posição das referências anatômicas dos segmentos do corpo. Dessa maneira, pode-se observar a possível simetria da posição relativa dos segmentos corporais.
O corpo humano, mesmo na postura ereta quieta, produz pequenas oscilações devido à influência da gravidade e de pequenos movimentos de correção (WINTER et al., 1990). A estabilometria ou posturografia é uma técnica bastante difundida e utilizada para realizar a medida quantitativa das oscilações corporais, visando a uma avaliação objetiva da estabilidade e dos mecanismos de controle postural (VISSER et al., 2008).
Com base nesses conceitos, os voluntários foram solicitados a permanecer em pé sobre uma plataforma de força (instrumento que quantifica as oscilações corporais), durante 60 segundos, com os olhos abertos e pés afastados, na mesma postura adotada na avaliação postural computadorizada. A partir das oscilações corporais foram calculados os seguintes parâmetros estabilométricos: área de oscilação, desvio-padrão (DP), frequência média (FR) e velocidade média (VM) das oscilações laterais (ml) e ântero-posteriores (ap).
Os resultados, segundo Nathalia Ribeiro, mostraram que ambos os grupos de deficientes visuais apresentaram desvios posturais de maior magnitude no segmento da cabeça. Além disso, de acordo com ela, tanto o grupo precoce quanto o tardio apresentaram maiores valores do que o grupo controle para os parâmetros estabilométricos FRap, VMml e VMap. No parâmetro área de oscilação não foram encontradas diferenças. Além disso, a análise de correlação não mostrou haver alguma interação entre a maioria dos parâmetros estabilométricos e posturais.
Orientada pelo professor dr. Luis Aureliano em seu estudo, Nathalia concluiu que estes resultados sugerem que os deficientes visuais parecem utilizar uma estratégia diferente da adotada por voluntários sem comprometimento visual para manter o equilíbrio, enquanto a orientação dos segmentos corporais parece ser pouco afetada pela privação visual. No entanto, Nathalia alerta para o fato de que a prática esportiva pode ter sido um fator modulatório importante que aproximou os dois grupos. Além disso, completa Nathalia, a idade da perda visual não pareceu influenciar a orientação dos segmentos corporais e o equilíbrio entre o grupo de cegos.No próximo dia 04, a mestranda Mariana Barcellos de Ávila apresenta no Centro de Ciências da Saúde (CCS/UFRJ) a tese “Alterações pulmonares e hiper-reatividade produzida pela exposição aguda à fuligem de resíduo do óleo (ROFA) em modelo de inflamação alérgica crônica”, orientada pelo professor Walter Araújo Vin, do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho (IBCCF).
O estudo, realizado no departamento de Fisiologia do IBCCF, aponta os efeitos da exposição aguda à fuligem do resíduo da queima de óleo (ROFA) no funcionamento pulmonar e na histologia de animais com inflamação alérgica crônica. Para chegar ao resultado, a mestranda analisou 32 camundongos associando inflamação alérgica à exposição em ambiente contaminado por fumaça de fuligem.
A dissertação de mestrado ocorre na próxima sexta-feira, a partir das 9 horas, na sala G1-022 do IBCCF, localizada no bloco G do Centro de Ciências da Saúde da UFRJ, na Cidade Universitária.
O endereço é Avenida Carlos Chagas Filho, 373, Cidade Universitária, Rio de Janeiro.
Mais informações: posgrad@biof.ufrj.br.