É conhecida de todos a noção que o consumo de sal em excesso pode trazer problemas à saúde, tais como hipertensão, cálculos renais e, algumas pesquisas indicam, até mesmo câncer gástrico. Para elucidar a questão, convidamos a professora Valeria Bender Bráulio, do Serviço de Nutrologia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF).
A médica trouxe informações de pesquisas populacionais recentes feitas ao redor do mundo, que indicam a associação entre o alto consumo de sal na dieta e o aumento de doenças cardiovasculares como o Acidente Vascular Cerebral (AVC). Às pessoas que têm histórico de hipertensão, é recomendado o consumo moderado, menor possível, de sódio. Porém, o sal não é o único culpado.
O sobrepeso, a obesidade, a má alimentação, todos são fatores de risco para doenças que, muito comumente, as pessoas associam ao sódio. Valéria ressalta que ele é, sim, uma das causas, mas não a única. “A maior prevenção que podemos fazer destas doenças é a mudança no estilo de vida. É essencial maior consumo do potássio, presente em frutas e verduras, que equilibra a pressão arterial”, explica.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda o consumo máximo de 2 gramas de sódio por dia. Essa quantidade equivale a 5 gramas de sal de cozinha, formado por cloreto de sódio. “As instruções que costumamos dar às pacientes é de ainda menos que os 5 gramas por dia, de no máximo 4 gramas. A primeira dica é tirar o saleiro da mesa, para que não haja tentação de salgar a comida”, informa a médica. Os produtos industrializados, inclusive produtos doces, têm grande quantidade de sódio. Assim, alimentos como refrigerantes devem ser evitados.
Os estudos, que fazem associações entre dados estatísticos, são em sua maioria estrangeiros, e trazem dados como o aumento de casos de câncer colorretal e gástrico, de derrames e hipertensão. No Japão, por exemplo, chegou-se à conclusão que o consumo de sódio nos produtos industrializados aumentaria o risco de doenças cardiovasculares, enquanto o uso de sal de cozinha aumentaria o risco de câncer.
A professora ressalta que esses resultados são atualmente inconclusivos, mas que tudo indica que uma alimentação saudável tem a menor quantidade possível de sódio.