O banco de leite da Maternidade Escola da UFRJ agora vai poder ajudar ainda mais bebês prematuros e de baixo peso internados em sua unidade neonatal. Isso porque desde o início deste mês (08/06), o setor está apto a fazer o processamento de todo leite humano doado.
Antes da adequação física e aquisição de novos equipamentos para o espaço, apenas a própria mãe poderia alimentar o filho. Assim, mulheres que não produzissem leite suficiente para atender as demandas de seus filhos, recorriam a fórmulas substituem a importância da amamentação, como explica Vânia Trinta, responsável técnica pelo banco.
-Apesar da tecnologia envolvida, as fórmulas são feitas a partir do leite de vaca, que além de não atender adequadamente todas as necessidades da criança, contém teor maior de proteínas. A longo prazo esse excesso recebido no início da vida extra-uterina pode aumentar o risco de hipertensão, diabetes e até câncer- disse.
A novidade no Hospital está na utilização de vários procedimentos físico-químicos para que o leite humano seja processado e possa se adequar a qualquer criança, não necessitando da participação obrigatória da mãe. Com isso, a expectativa é que haja uma redução importante no consumo de fórmulas lácteas industrializadas pela Maternidade Escola, com conseqüente aumento do número de prematuros e bebês de baixo peso sendo beneficiados pela oferta do leite humano.
Agora, a nutriz que quiser doar o excesso de seu leite poderá ajudar na nutrição de qualquer bebê, bastando apenas se dirigir ao banco de leite para preencher um cadastro. Lá mesmo, ela receberá capote, touca e máscara para, com auxílio de uma funcionária, fazer a higienização e ordenha.
-O leite coletado em vidro com tampa de plástico, devidamente identificado, será então analisado quanto a seus aspectos visíveis como cor e adequação da embalagem. O material será então pasteurizado, com um controle da temperatura 62,5º C por 30 minutos e levado a análise microbiológica- Vânia descreve o processo, que finalizará com o leite aprovado seguindo para alimentar as crianças prematuras e de baixo peso.
O trabalho do banco, entretanto não se limita a fornecer esse leite. Além verificação da qualidade há o apoio humanitário. “A mãe de um prematuro geralmente chega muito fragilizada. Ela sente que seu filho é mais filho da UTI que dela mesmo. Chega a pensar que seu único poder é rezar. Não é só isso”, destaca Vânia.
O papel do banco de leite é acentuado justamente nesse momento. Ele mostra que uma pequena doação dessa mãe, pode ajudar o bebê hospitalizado. “Isso faz com que ela se sinta valorizada e passa a ser parceira do hospital, ao mesmo tempo, em que é aumentado o vínculo entre a mãe e a criança”, continua a coordenadora do setor.
Para doar, a mulher deve ser saudável e ter tido o bebê na Maternidade Escola, logo não pode ser portadora do vírus HIV, não fazer uso de quimioterápicos, radioterápicos ou tratamentos que levem a substância iodo.
O banco de leite foi criado em 2000 e também assiste mães que têm dificuldades na amamentação. No momento, eles aceitam doações de potes de vidro com tampas plásticas, para que possa ser feita a ordenha que levará o alimento às crianças internadas.