O doutorando Ricardo Luiz de Azevedo Pereira, do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho (IBCCF) da UFRJ, defende a tese sobre diferenciação de células-tronco, na sexta-feira (27/11), às 9h, na sala G1-022 do Centro de Ciências da Saúde (CCS), localizado na Cidade Universitária. Intitulado “Avaliação do Inibidor de Cisteínas Proteases E64 na Diferenciação de Células-tronco Embrionárias em Células Neurais”, o trabalho é orientado pelos professores Antônio Campos de Carvalho e Rosália Mendes Otero, ambos do IBCCF.
Células-tronco são aquelas que possuem maior capacidade de divisão, dando origem a outras semelhantes. Nos embriões, essas células ainda são capazes de se transformar em outros tecidos do corpo, como ossos, nervos, músculos e sangue, sendo consideradas pluripotentes. Mas as células-tronco embrionárias possuem autorrenovação ilimitada. “Por essas características, vêm sendo utilizadas para compreender os eventos celulares durante o desenvolvimento embrionário”, relata Ricardo, em relação ao ponto de partida para o desenvolvimento da tese.
Segundo ele, a ação da Cistatina C (tipo de proteína) mostrou induzir a proliferação de células-tronco ou progenitores neurais in vivo e in vitro. Ainda demonstrou induzir a diferenciação de células-tronco embrionárias de camundongo em células neurais. “No entanto, não está claro se a inibição da atividade das cisteínas proteases é realmente a chave para a diferenciação em células neurais”, observa.
Em seu trabalho, ele primeiro avaliou as características indiferenciadas e pluripotentes da linhagem USP-1 de células-tronco embrionárias de camundongo. Depois, a tarefa foi estabelecer um protocolo de diferenciação dessas células em neurais, com ácido retinoico. “Em seguida, avaliamos se o inibidor sintético E64 de cisteínas proteases induziria a diferenciação dessas células em neurônios. E, por último, analisamos se a Cistatina C e o E64 teriam o mesmo efeito em células-tronco embrionárias humanas”, aponta.
As culturas de células de camundongos que passaram pelo tratamento com E64 tenderam ao aumento do número de neurônios, quando comparadas às culturas que não passaram pelo procedimento com o inibidor. As análises das propriedades eletrofisiológicas realizadas sugeriram a presença de células progenitoras neurais.
“Surpreendentemente, quando tratamos células-tronco embrionárias humanas com os inibidores de cisteína protease, não encontramos nenhum efeito sobre a indução da diferenciação neural. Tais resultados indicam que a inibição de cisteína protease pode estar envolvida na diferenciação de progenitores neurais durante o desenvolvimento de células-tronco embrionárias em camundongos. Mas, em contrapartida, a inibição não parece participar da regulação da expressão de marcadores neurais nas células de seres humanos. Isso sugere que distintos caminhos moleculares podem estar envolvidos na diferenciação de células-tronco embrionárias de camundongos e humanos”, conclui.