Equipe de pesquisadores do Instituto de Nutrição Josué de Castro (INJC/UFRJ) fez um estudo que analisou os efeitos da gordura vegetal parcialmente hidrogenada em dietas com quantidade balanceada de lipídeos. Os resultados indicam que a gordura vegetal parcialmente hidrogenada, possivelmente, é responsável pelo aumento do acúmulo de gorduras, lipídeos, no tecido adiposo epididimal, resultando em acidentes vasculares.
Esse tipo de gordura trans é concebido através da adição de hidrogênio a óleos vegetais, gerando uma gordura de consistência mais firme. Assim, a indústria alimentícia a utiliza em razão de essa substância propiciar melhor textura, mais sabor e ampliar o prazo de validade dos alimentos. Ela está presente, principalmente, em margarinas, sorvetes cremosos, biscoitos e frituras em geral.
O estudo, denominado “Influência da fonte lipídica da dieta materna durante a gestação e lactação sobre a susceptibilidade da prole ao desenvolvimento de acidentes tromboembólicos na vida adulta – estudo em ratos", foi desenvolvido pela equipe das pesquisadoras do INJC Maria das Graças Tavares do Carmo e Fátima Lúcia de Carvalho Sardinha.
Foram utilizados ratos Wistar machos, que desde o primeiro dia de vida até o 45º dia de amamentação receberam uma dieta com quantidade normal, controlada, de lipídeos. Um grupo recebeu gordura vegetal parcialmente hidrogenada, enquanto o outro consumiu óleo de soja.
“Encontramos nos animais tratados com gordura vegetal parcialmente hidrogenada, quando comparados àqueles mantidos com dieta contendo óleo de soja, aumento da massa corporal, do conteúdo de gordura na carcaça, bem como no tecido adiposo branco epididimal, e elevação da taxa de síntese de lipídeos nesse tecido. As dietas ricas em gordura vegetal parcialmente hidrogenada, em parte, devem ter contribuído para o estabelecimento da adiposidade aumentada verificada nesses animais”, analisa Maria das Graças.
Os resultados do estudo mais uma vez apontam a influência das gorduras hidrogenadas na incidência de acidentes vasculares, ocasionados em razão do entupimento de vasos sanguíneos, e obesidade. Desde 2006, a partir de resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), as embalagens de alimentos têm que destacar a quantidade de gordura trans presente na composição do produto.
Por fim, a condição de vilãs das gorduras trans, sintetizadas em laboratórios, é destacada pela professora Maria das Graças. “É importante lembrar que não há informação disponível que mostre benefícios à saúde a partir do consumo desse tipo de gordura trans.”