Na busca por alternativas no combate ao sobrepeso, pesquisadores do Instituto de Nutrição Josué de Castro (INJC) da UFRJ avaliaram os efeitos do ácido linoleico conjugado (CLA) sobre o peso corporal e na redução do perfil lipêmico (colesterol e triglicerídeos). Estudos com seres humanos ainda não obtiveram os resultados favoráveis apresentados em animais, porém apontam para a redução da concentração de gordura no abdômen.
A pesquisa coordenada pela professora Beatriz Gonçalves Ribeiro resultou na dissertação de mestrado da pesquisadora do INJC Adriana Baddini Feitoza, orientada pelas professoras Avany Fernades Pereira e Maria das Graças Tavares do Carmo. O ácido linoleico conjugado é um conjunto de isômeros do ácido linoleico, um ácido graxo poli-insaturado, fundamental como fonte de energia para o organismo.
De acordo com a professora doutora Avany Pereira, o CLA é produzido por bactérias fermentativas no estômago de animais ruminantes. “Está presente em maior concentração em carnes, leite e seus derivados. A concentração de CLA nos produtos lácteos varia de 2,9 a 8,2 mg/g de gordura e nas carnes de animais ruminantes é de 4,3 mg/g. Óleos vegetais, margarinas e as gorduras de animais não-ruminantes contêm apenas traços de CLA”, esclarece.
Para a pesquisa, o ácido linoleico conjugado foi utilizado como suplemento alimentar associado à atividade física por indivíduos com sobrepeso. “O objetivo foi avaliar o efeito na composição corporal e no perfil bioquímico de indivíduos”, afirma Avany. Para comparação, foram selecionados participantes ativos e sedentários.
Estudos anteriores sugerem que a combinação do CLA com exercício, principalmente aeróbio, promove a redução da gordura corporal e o aumento da massa magra, sem alterações significativas no peso corporal. Essa prática também parece ter efeito positivo diante da concentração de glicose e insulina no sangue.
Resultados
Os resultados encontrados pelos pesquisadores da UFRJ evidenciam que, em relação à composição corporal, ambos os grupos – ativo e sedentário – apresentaram redução da massa corporal gorda (variação de 1,0 kg no grupo ativo e de 0,3 kg no sedentário), além do aumento da massa corporal magra (variação de 0,6 kg no grupo ativo e 0,3 kg no sedentário).
– Somente no grupo ativo foi observada diferença significativa em relação à massa corporal gorda e magra. A suplementação com CLA não alterou os indicadores de glicemia e insulina entre os tempos de estudo em nenhum dos dois grupos. E em relação ao perfil lipídico, ambos os grupos apresentaram diminuição significativa na concentração de HDL-colesterol – analisa Pereira.
A professora Avany explica que “os mecanismos bioquímicos de ação dos diferentes isômeros (do ácido linoleico) e sua interação ainda não foram adequadamente comprovados”. Porém, “os resultados sugerem que o CLA exerça efeito de diminuição do tecido adiposo por meio da modulação do gasto energético, de mecanismos de apoptose, do processo de oxidação de AG, da lipólise, da diferenciação celular e da lipogênese”.
O estudo vem sendo apresentado em congressos e eventos científicos da área da Saúde e Nutrição. Os dados finais foram apresentados no XV Congreso Latinoamericano de Nutrición, realizado em Santiago (Chile) no último mês de novembro. “Parte da revisão de literatura foi publicada no periódico internacional Nutricion Hospitalaria. E o artigo com resultados está em fase final de elaboração”, conclui a professora Avany.