O inverno começa em 21 de junho e, com o frio e as festas tradicionais da época, a vontade de comer doces aumenta. Com isso, uma das preocupações mais frequentes desta estação é o aumento do peso. Mas será que deveria ser a única? Outra parte de nosso corpo que sofre com uma maior ingestão de doces é o dente. Aliado à má escovação, após o consumo, o doce pode se transformar em um vilão para a saúde bucal.
“Carboidratos, principalmente a sacarose (presente nos doces), tem maior potencial cariogênico”, afirma a professora Maria do Céu, chefe do Departamento de Odontologia Social e Preventiva da Faculdade de Odontologia da UFRJ. A cárie, como ela explica, é uma doença infecto-contagiosa, que resulta de uma perda mineral localizada, causada pelos ácidos orgânicos provenientes da fermentação microbiana dos carboidratos da dieta retidos nos dentes.
“Quanto mais pegajoso, maior retenção à superfície dentária e maior é a dificuldade na limpeza mecânica”, alerta a professora. Assim, além de controlar a sua ingestão, é preciso bastante atenção na escovação e evitar o consumo desse tipo de alimento à noite. “A salivação tem a ver com o processo de remineralização e, à noite, a secreção salivar é reduzida, o que causaria, portanto, um desequilíbrio do processo desmineralização-remineralização, e, assim, um avanço no processo da lesão cariosa”, explica a professora.
Basicamente, a doença resultante dessa ingestão em excesso e má escovação é a cárie, mas a hipersensibilidade dental também pode ser resultado dessa dobradinha. E, como a única solução é uma boa escovação, não é difícil encontrar no mercado produtos, como pasta de dente de chocolate, que combinem o vilão (chocolate) e o antídoto (a pasta) em um mesmo pacote.
Na visão da dentista, isso é desnecessário e até um pouco prejudicial: “Isso pode fazer com que as pessoas pensem que não é necessário diminuir o consumo. Pelo contrário, o sabor de chocolate poderá fazer com que o indivíduo, principalmente crianças pequenas, degluta mais o creme dental, e, assim, ocasionar efeitos tóxicos agudos ou crônicos”.