• Edição 254
  • 07 de abril de 2011

Por uma boa causa

Por um olhar vital

Renata Lima

Nesse mês de abril, a seção Por Uma Boa Causa irá apresentar reportagens sobre doenças que acometem a visão. Para abrir a série, entrevistamos o médico Renato Cunha David, do serviço de oftalmologia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF/UFRJ) para abordar questões e dificuldades relacionadas à Visão Subnormal.

Quase todo mundo já fez uma avaliação na escala optométrica de Snellen, que dispõe de uma série de letras e fica a uma distância de seis metros. Quem tem a visão normal deve ler até a linha 20. Por isso, a visão normal é representada por 20/20. O numerador (número de cima) se refere à distância de 20 pés, que equivale a seis metros e o denominador (número de baixo) se refere à menor linha que foi possível enxergar. Quando consegue enxergar apenas até a linha 100, a uma distância de 20 pés, a visão é considerada como subnormal (20/100) ou baixa visão. Na prática, uma pessoa com visão subnormal ou baixa visão apresenta acuidade visual igual ou menor que 20% da visão considerada normal.

“A baixa visão é caracterizada por comprometer tarefas cotidianas e básicas que seu portador poderia realizar se tivesse  visão considerada normal ou útil”, diz o oftalmologista Renato David. O paciente com visão subnormal pode ter dificuldades desde ler um livro até apresentar perda de independência em tarefas comuns.

Há diversas causas que levam à visão subnormal, dentre elas: doenças hereditárias, doenças adquiridas na gravidez, diabetes, glaucoma e catarata. “Essas doenças que comprometem a visão, estão geralmente relacionadas à degeneração, principalmente da mácula, região da retina responsável pela visão central”, explica  Renato David.

“Mas isso não descarta os casos em que lesões abruptas e traumas oculares, como, por exemplo, um acidente que atinja a visão ou uma ferida na córnea, levem a uma perda significativa da capacidade visual, fazendo com que o indíviduo passe a ter visão subnormal”, continua o oftalmologista.

O que deve ser destacado nessa questão é o que pode ser feito com pacientes que venham a ter ou já tenham um grau de visão menor que 20%. Dependendo do caso, como a catarata, uma cirurgia pode corrigir o caso. Mas, em outros, como doenças congênitas, há pouco a se fazer para o tratamento.

O uso de vitaminas para estabilizar a degeneração macular, não é comprovadamente eficaz. O que acontece é que, essas vitaminas, à base de luteína (substância encontrada na mácula e ajuda na captação de imagens) e antioxidantes diminuem o envelhecimento e a degradação da visão. Mas não há testes que comprovem a melhora em doenças degenerativas.


“A solução consiste em diminuir as dificuldades que acometem esses pacientes. O básico consiste em recursos ópticos e eletrônicos, a citar telelupas e scanners amplificadores, para magnificar imagens e textos, tornando-os passíveis de ser enxergados pelo deficiente visual”, explica Renato David.