• Edição 253
  • 31 de março de 2011

Saúde e Prevenção

Uma nova velha ameaça

André Ribeiro

Grande vilão do verão carioca, o dengue vem a cada ano causando novas preocupações. Sejam criadouros de mosquitos ou falta de informação, a doença circula livremente pelo país há décadas. A novidade da estação é o tipo 4 do vírus, cuja menção já causa medo e preocupação. Mas qual o motivo de tal receio? Existem testes para detectar o tipo da doença?

O professor Edimilson Migowski, infectologista e diretor do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG/UFRJ), esclarece algumas destas questões. Ele diz que a preocupação com o tipo 4 do dengue é algo que existe desde antes do surgimento dele no Brasil. “O Brasil já viveu epidemias de dengue tipos 1, 2 e 3. Então, isso nos preocupa, porque sabemos que quanto mais vezes se pega a doença, mais chance de ser grave ela tem”, esclareceu. Ainda sobre a questão do receio, o professor explica que o vírus é novo no país, então há muito pouca resistência na população, ou seja, há risco maior de casos graves e mortes.

O tipo 4 é o que mais preocupa no momento, por ser um vírus novo e a população não está imune a ele. “Uma epidemia do tipo 4 do dengue poderá ter proporções muito grandes, já que a maior parte da população se encontra vulnerável a esse tipo do vírus” , afirma Migowski.

Segundo o infectologista, os outros tipos do vírus, por já terem atingido a população por epidemias, encontram anticorpos na maioria da população, o que torna mais raros e mais suaves os casos de dengue dos tipos 1, 2 e 3. “O tipo 4 deve causar casos mais graves, porque a população não tem os anticorpos”, diz o professor.

O Teste Rápido, utilizado em grande parte do país para detectar a doença, é moderno e preciso. Ele analisa, por meio da imunoglobulina, se há a presença do vírus e qual é o tipo. O teste se chama rápido, pois fica pronto em 15 minutos e tem precisão de 99% para sensibilidade, ou seja, se o vírus está presente, e 98% para especificidade, qual o tipo do vírus.


Mesmo contando com a eficácia da tecnologia, pessoas continuam indo a óbito em consequência da doença. O professor enumera as principais razões. “A maior parte das mortes ocorre por orientação errada. Após ter os sintomas o paciente busca o médico, que o examina e descarta dengue. Ao voltar para casa, o paciente percebe melhora, e deixa de se preocupar. Porém, o agravo da doença só ocorre no 4º ou 5º dia, que é o período de maior risco, já que a doença tem uma evolução rápida”, explica o especialista.