Foi realizada, nesta segunda-feira, audiência pública sobre a implosão da ala sul do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), no auditório Rodolpho Rocco (Quinhentão), no Centro de Ciências da Saúde (CCS). No evento, a decana do CCS, Maria Fernanda Quintela, buscou esclarecer dúvidas da comunidade acadêmica acerca da implosão e procedimentos de segurança que serão tomados tanto no HUCFF, quanto para área do entorno. Também estiveram presentes o professor Pablo Benetti, do Comitê Técnico do Plano Diretor; o prefeito da UFRJ, Hélio Mattos; o diretor do HUCFF, José Marcus Eulálio, e o engenheiro Giordano Bruno, sócio da Fabio Bruno Construções, empresa responsável pelo procedimento técnico da implosão.
A empresa foi escolhida após consulta de preços, da qual participaram quatro outras firmas. A Fábio Bruno Construções, vencedora da licitação, foi responsável por duas implosões famosas no Rio de Janeiro: a do edifício Palace II e a do presídio Frei Caneca.
A área do HUCFF que será implodida está inativa e desocupada desde 1978, quando o hospital foi inaugurado. De acordo com Pablo Benetti, a decisão – já projetada anteriormente – foi antecipada devido ao rompimento de dois pilares do bloco A3, em junho deste ano, sem qualquer carga adicional sobre eles.
A demolição manual da ala inativa custaria cinco vezes mais aos cofres públicos, o que justificou a escolha da implosão como forma de solução para o problema estrutural dessa parte do prédio. O comitê de engenheiros que estudou o caso decidiu pela separação física entre as partes inativa e ativa do hospital, de forma que a implosão não afete estruturalmente a área remanescente. Os engenheiros responsáveis decidiram por 20m de separação após calcularem a distância que minimizaria a taxa de vibração até próximo a zero. A empresa usará quatro sismógrafos para medir a vibração causada pela implosão.
Energia do CCS não será desligada
Segundo Benetti, a energia do HUCFF será desligada 30 minutos antes da implosão e religada 30 minutos após o procedimento. O CCS — ao contrário do que temiam muitos pesquisadores presentes à audiência ― não terá a energia desligada, sendo descartados, portanto, os temores de que os biotérios e freezeres de cultivo de microorganismos pudessem ser comprometidos. A decania será esvaziada no dia da implosão, como medida de precaução.
Uma área de 200m de raio, em torno do HUCFF, será isolada. Essa é uma medida extra de segurança, pois a faixa de isolamento recomendada para este tipo de implosão é de 50m e a ala a ser implodida será completamente coberta com camada de até quatro telas de material impermeável, que minimizará a projeção de destroços e mesmo de poeira. O bloco A do CCS também será coberto com telas, como medida extra de segurança.
O trânsito será interrompido uma hora antes do procedimento e será liberado 10 minutos após o término. A Prefeitura Universitária estima que a implosão do HUCFF gerará 50 mil m³ de entulho (125 mil toneladas de concreto) e que serão necessários quatro meses para completa remoção.
Durante a audiência, Eulálio destacou que os ministérios da Educação e da Saúde estão de acordo que o prédio do HUCFF seja muito antigo e de difícil manutenção. O hospital continuará funcionando por alguns anos, explicou o diretor, enquanto uma unidade hospitalar mais moderna será erguida, em módulos, ao lado, na área onde hoje existe a ala inativa do hospital.
Cronograma
O cronograma provisório para a implosão prevê que no dia 1º de novembro serão interrompidas progressivamente as internações até que no dia 30/11 sejam feitos os últimos atendimentos ambulatoriais. As aulas práticas poderão ser ministradas no HUCFF até o dia 1º de dezembro, quando, já com o hospital sem pacientes, serão iniciados os preparativos internos e externos ao prédio. As atividades de ensino serão interrompidas no dia 10/12 e em dia 19/12, será feita, enfim, a implosão da ala sul.
No dia 21/12, será feita avaliação técnica da integridade do HUCFF e terá início a limpeza dos escombros. Os funcionários retornarão ao trabalho no dia 3 de janeiro de 2011 e no dia 10/01 as atividades do hospital serão normalizadas. As atividades ambulatoriais do Instituto de Pediatria e Puericultura Martagão Gesteira (IPPMG) seguirão o cronograma do HUCFF.
Maria Fernanda aproveitou a audiência para informar aos presentes que o cronograma de atividades do CCS também sofrerá alterações em função da implosão. No dia 10/12, o centro começará a ser preparado e cada laboratório será responsável pela proteção dos equipamentos sensíveis à poeira. A decana recomendou que as janelas sejam todas fechadas e que a embalagem do maquinário seja feita com sacos plásticos pretos fechados com fita crepe ou que os mesmos sejam vedados com filme plástico. As atividades serão retomadas progressivamente a partir do dia 20/12.
O CCS disponibilizou este link para o envio de perguntas sobre a implosão do hospital.